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FLIPOP 2021 | Resumo da mesa Romance entre Garotas

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A última mesa do segundo dia da FLIPOP – Festival de Literatura POP foi feita especialmente para o público do Lesb Out!. A conversa com o tema “Romance entre Garotas” contou com a escritora norte-americana Leah Johnson, autora de “Espere até me ver de coroa”, com a também norte-americana Rachel Hawkins, autora de “Sua alteza real”, e teve mediação de Diana Kalaf. As escritoras estavam muito animadas e felizes por poderem falar com os fãs brasileiros, que as duas descreveram como muito empolgados.

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Leah Johnson teve sua estreia no ano passado com o livro “Espere até me ver de coroa”. Perguntada sobre a inspiração para escrever romances sáficos, ela respondeu que a audiência e demanda para esse tipo de livro sempre existiu, mas que por muito tempo as editoras não aceitavam essas histórias, que acabavam sendo marginalizadas. A inspiração para Liz, a protagonista do livro, vem da história da própria escritora, que também cresceu sendo uma garota queer e negra em um ambiente predominantemente branco, ela escreveu o livro que gostaria de ter lido. 

Rachel Hawkins não sabia que iria escrever um romance sáfico até a personagem Flora aparecer no livro “Como sobreviver à realeza”, o primeiro da série “Royals“. Ela contou que gostaria de escrever um romance fofo e cheio de clichês de comédia romântica. Segundo a autora, existe a possibilidade do livro ser adaptado para as telas, e ela gostaria que a adaptação fosse um “filme de festa do pijama”, do tipo que garotas assistem com as amigas torcendo para que o casal fique junto no final. 

A conversa tocou em pontos importantes sobre representatividade para crianças e adolescentes. Ambos os livros têm como cenário um colegial e, perguntadas sobre a importância da literatura LGBTQIA+ na grade curricular, as autoras tiveram respostas parecidas. Rachel, que já trabalhou como Professora do Ensino Médio, relembrou que era muito difícil colocar livros diversos na sala de aula em seu estado, Alabama. As diretrizes que ditavam o que poderia ser leitura para os alunos eram muito restritas, o que impedia que os professores explorassem outras histórias e autores. Ela conta que após lançar sua obra recebeu muitas mensagens de adolescentes que se viram representadas e que a agradeceram por ter escrito uma história de uma princesa queer.

Leah é Professora de Escrita Criativa e por isso tem a liberdade de escolher as obras que serão estudadas em sala de aula. Ela contou que em sua lista não entram livros escritos por homens brancos. Apesar de reconhecer o valor literário de obras clássicas, ela acredita ser importante mostrar para os alunos que as experiências deles também são importantes, e que as obras escritas sobre e por minorias também são dignas de serem estudadas.  Devido a pandemia, a escritora não pôde participar de muitos eventos presenciais, mas ela conta que também recebeu mensagens de adolescentes LGBTQIA+ que se inspiraram no livro.

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Livros sobre a rainha de formatura ou ainda sobre princesas não são novidade, perguntada sobre a importância de personagens LGBTQIA+ em papéis “clichês”, Leah respondeu que é importante reforçar a narrativa de que pessoas LGBTQIA+ são normais. Ela disse ainda que nós, enquanto leitores, internalizamos o que é possível e impossível através da ficção, e se na ficção, onde tudo supostamente é possível, não for possível uma personagem negra e gay em um papel clichê, como o leitor irá entender sua própria existência?

Rachel completou explicando que temos que ter um olhar diferente sobre coisas que já conhecemos, usando como exemplo a experiência que teve lendo um livro com influências da cultura filipina, que foi muito mais interessante do que os milhares de livros de cultura medieval similares à “Crônicas de Gelo e Fogo” que existem.

Sobre o desafio que é escrever em uma pandemia, Rachel contou que houve uma mudança de rotina. Acostumada a escrever em locais públicos como cafeterias, ela teve que ficar mais tempo em casa. Para manter a rotina de escrita, ela contou que está sendo mais gentil consigo mesma, abandonando metas de palavras e páginas escritas diariamente. Apesar de gostar dos eventos presenciais, ela disse que gostava de participar dos eventos online por serem mais informais e mais acessíveis a um público maior.

A rotina de Leah também sofreu alterações com a pandemia, mas ela disse que foi bom poder focar no livro quando tudo ao seu redor estava uma bagunça. Ela contou também que o momento do lançamento do livro foi importante, pois aconteceu próximo aos protestos Black Lives Matter, que ocorreram em grande parte dos Estados Unidos no ano passado. Ela explicou que a obra foi lançada em um momento em que as pessoas precisavam de uma história sobre black joy (alegria negra); em meio à tanta violência era importante uma obra que as pessoas negras pudessem ler e se sentir seguras, sabendo que a protagonista negra teria um final feliz.

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Para concluir a conversa, Rachel contou sobre seu próximo lançamento, o livro “The ex hex”, que será lançado em setembro nos Estados Unidos. Leah recentemente lançou “Rise Sun”, um romance sáfico jovem adulto, e está trabalhando em “Ellie Engle saves herself”, o primeiro de uma série de livros infantojuvenil que contará com uma personagem principal queer. Infelizmente, não foram feitos anúncios de publicação desses livros no Brasil.

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