No terceiro dia (11) da FLIPOP – Festival de Literatura POP, que aconteceu online no canal da editora Seguinte no YouTube, ocorreram quatro mesas que debateram questões de representatividade LGBTQIA+, representatividade negra, processo criativo na escrita, diferentes gêneros literários e literatura na pré-adolescência.
FLIPOP 2020 | Resumo do segundo dia que contou com Ibi Zoboi, Natalia Borges Polesso e mais
“Explorando outros gêneros literários”, primeira mesa do dia, teve como participantes as seguintes pessoas: Aryane Cararo, doutoranda em estudos de gêneros e autora dos livros “Extraordinárias” e “Valentes”; Luiza de Souza, conhecida como @ilustralu na internet, quadrinista e atualmente está produzindo uma webcomic com seu personagem Arlindo; Samuel Gomes, criador de conteúdo, palestrante e autor de “Guardei no armário” e Nanni Rios, que foi a mediadora da conversa, e é jornalista, livreira e produtora cultural.
O bate-papo girou ao redor das suas produções e como os diferentes gêneros marcam a vida das pessoas, como também existe uma sensibilização por trás mostrando sempre como a vida do outro importa. Além disso, Samuel Gomes disse que seu livro é como se fosse um manifesto por respeito, por identidade e por direitos, pois as minorias são socialmente construídas para serem excluídas. Ainda falaram de temáticas relacionadas a religião, refugiados, solidão da mulher negra e como o mundo deve naturalizar suas vivências.
FLIPOP 2020 | Resumo do primeiro dia que contou com Casey McQuiston, Koda Gabriel, Vitor Martins e mais
Na segunda mesa, intitulada “Ninguém é uma coisa só”, integrantes LGBTQIA+ relataram o quanto a representatividade positiva importa e quando eles entenderam a importância das suas obras para comunidade que carece de atenção. A conversa teve a participação de Elayne Baeta, escritora, ilustradora e autora do livro “O amor não é óbvio”; Gabriel Mar, escritor independente, autor da duologia “Alto dos Salgueiros” e de “Bem-vindos à Rua Maravilha”; Rebeca Kim, neta de japoneses, cadeirante e escritora, publicou contos em duas coletâneas “Qualquer Clichê de Amor é Amor” e “Confetes e Serpentinas” e com mediação de Alexsander Costa, responsável pelo blog sobre literatura, o Um Bookaholic.
Durante o diálogo, Elayne disse que sua motivação de escrever histórias sáficas veio do fato de sempre gostar de ler e não encontrar este tipo de conteúdo de forma positiva, com duas mulheres se amando com final feliz e principalmente em narrativas para além de sair do armário, porque mulheres LGBTQIA+ não existem apenas nesses espaços. Neste sentido, Gabriel falou que as pessoas da comunidade ainda têm sonhos, ainda tem trabalho e histórias para contar que não sejam apenas rodeadas de dor e nisso, ele entendeu sua necessidade de recriar o mundo e assumir a liderança. Por último, Rebeca afirmou que a militância chegou um pouco tarde, mas quando ela entendeu a necessidade de existir narrações não estereotipadas, começou a escrever e perceber a importância de personagens com deficiências sendo protagonistas das suas próprias histórias.
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Mediada por Adriel Bispo, garoto de doze anos e responsável pelo instagram @livrosdodri, a terceira mesa do dia, chamada “Lendo na pré-adolescência”, contou com a presença dos seguintes autores: Carol Christo, publicitária e autora dos livros “O ultimo mestre Pokémon”, “Uma viagem inesperada” e “Um convite inesperado”; Jim Anotsu, escritor, roteirista, tradutor e autor de romances como “A batalha do acampamonstro” e “A espada de herobrine” e Thalita Rebouças, jornalista e autora de mais de 20 títulos, dentre eles, o mais recente “Confissões de uma garota linda, popular e (secretamente) infeliz”.
A conversa aconteceu de forma descontraída e divertida, com relatos dos autores referentes aos seus processos de escrita, construção de personagem e planejamentos. Além disso, falaram das suas responsabilidades com os seus leitores, em sua maioria infanto-juvenis e como eles enxergam a importância de suas histórias para este público. Jim ainda falou das suas vivências pessoais e o como é mais difícil para pessoas negras publicarem no Brasil, como também tem que constantemente lutar contra o racismo.
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Para encerrar, a quarta mesa, ocorreu uma entrevista com Kiersten White, autora de livros como “Filha das Trevas” e “A farsa de Guinevere” – série de fantasia baseada na lenda do Rei Arthur, no mundo mágico de Camelot. Com mediação de Bruna Miranda, booktuber e co-host do podcast Wine About It, o bate-papo girou ao redor das obras da autora, suas construções de personagem e o mercado editorial.
Durante a conversa, Kierten enfatizou que por ter crescido em uma comunidade conservadora, encontra em suas histórias a liberdade e necessidade de criar personagens femininas que são fortes, seja fisicamente ou emocionalmente através da empatia, bondade e outras coisas mais, como forma de sentir essas coisas e não precisar pedir desculpas. Ainda acha importante que suas personagens sejam cobertas de camadas e referências tornando-as o mais verossímil possível. Desta forma, ela acredita na diversidade dos seus livros e enxerga a importância de existir heroínas nas suas histórias.
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Assim, o terceiro dia da FLIPOP chegou ao fim, com debates importantíssimos relacionados a representatividade LGTQIA+ na literatura, representatividade negra e a importância das pessoas se reconhecerem e se verem em histórias consideradas banais.