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Resenha | Controle – narrativa leva o leitor a uma viagem para dentro de si

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Ficha Técnica
Livro: Controle
Autor: Natalia Borges Polesso
Editora: Companhia das letras
Número de Páginas: 176
Ano de Lançamento: 2019


“Controle” é um romance de Natalia Borges Polesso que traz para nós a menina e a mulher Maria Fernanda. Nanda, como prefere ser chamada e como se apresenta na maioria das vezes, é um ser humano que viveu uma infância conturbada. Ela descobriu a epilepsia quando praticava o que mais amava: andar de bike e ouvir música.

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Tudo que mais fazia na infância era se reunir com os amigos, dar voltas de bicicleta pela cidade de Campo Bom, no sul do Brasil. Ela também curtia compartilhar gostos musicais e tempo, bastante tempo com a melhor amiga: Joana. As meninas eram unidas, compartilhavam gostos, anseios, e (literalmente) a vida.

As coisas eram organizadas na vida de Maria Fernanda, exatamente do jeito que ela queria. Escola, música, brincadeiras, amizades, mais músicas. Até que o mundo se perdeu dentro dela. Depois de uma queda da bicicleta, ela descobriu a epilepsia. Entre médicos, incertezas, medos e o mais forte de tudo, o trauma, a menina não conseguia entender metade do que estava acontecendo. Quando notava ela já estava no chão, no pós crise, tentando entender como tinha ido parar ali. Como era possível se desligar do mundo de uma forma tão abrupta. E com todas essas questões em mente, ela tentou seguir a vida, mas foi interrompida pela super proteção dos pais, preocupados, claro, tentaram manter a menina o mais perto possível, pois pensavam que apenas eles /saberiam cuidar da menina.

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Entre todos as crises o mundo de Maria Fernanda foi se afastando do mundo dos amigos, do mundo da escola, do mundo dos pais. Ela mergulhou em uma onda de solidão, estava sempre anestesiada com os remédios que começou a tomar, pouco sabia da realidade do universo ou da própria realidade. A menina, que antes era entregue ao grande universo que a girava, agora estava completamente imersa em uma terra de solidão e angústia.

Nanda conhecia muito bem muitas coisas e pessoas, mas notou que não conhecia absolutamente nada sobre ela, percebeu que tudo que sabia sobre si era a epilepsia. Passava horas na internet pesquisando, estudando, buscando entender motivos para aquilo ter acontecido. Tentativas falhas, não existiam respostas. A cada crise que tinha sentia que o mundo a engolia, como se estivesse caindo lentamente em um buraco, sozinha. Menos em alguns momentos e esses eram os que ela compartilhava com Joana que, ao longo de toda história, foi a chave que a tirava do quarto do medo.

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A vida dela começa a mudar quando ela encontra luzes no caminho. Um médico surgiu com a ideia de uma cirurgia, que se desse certo, curaria a epilepsia. Joana ficou do lado dela, como sempre. Foi parte de todas as luzes que se acenderam e no meio desse caos interno, Nanda começou a entender o que sentia. Por mais que ainda tivesse receio de aceitar, ela sabia de verdade que o que ela sentia por sua melhor amiga, era algo muito mais forte. Elas construíram uma amizade, uma relação. Construíram um mundo e dentro desse mundo nasceu amor e paixão.

Mesmo que ambas soubessem disso mantinham em segredo uma da outra com medo. Por dentro elas se reconheciam como amantes e tudo ficou claro na primeira vez que viu Joana beijar outra mulher. O mundo dela se perdeu de novo ali e ela tomou a melhor decisão que poderia naquele momento: criar um mundo novo antes de admitir todo seu verdadeiro sentimento, mesmo que fosse um que durasse só um dia.

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“Controle” é um livro de romance e esperança, mas que leva o leitor em uma viagem profunda para dentro de si. Enquanto Nanda tenta se encontrar como uma pessoa em um mundo cheio de pessoas, ela te leva a tentar se encontrar também. Acompanha-la nesta busca de reconhecimento, é refletir sobre nossos próprios túneis escuros e sobre a luzes que criamos ou encontramos no caminho.

Maria Fernanda não se livrou somente da epilepsia naquela cirurgia. Ela se livrou das vendas que a impediam de enxergar a pessoa que ela era de verdade. Das amarras que a impossibilitavam de ser quem ela sempre quis ser. Aos 34 anos, ela se reconheceu como parte do mundo com sentimentos reais e uma das lições mais importantes que a autora traz com essa história é que nunca é tarde para sentir, independentemente do que seja, o tempo é relativo e não é linear.

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