Para as amantes de literatura, ou de filmes de época, “Vita e Virginia” pode ser seu próximo queridinho. O longa é baseado em uma peça teatral de mesmo nome que retrata o amor secreto entre as escritoras Vita Sackville-West (Gemma Arterton) e Virginia Wolf (Elizabeth Debick), um dos romances mais curiosos do século XX, a partir das cartas trocadas pelas mesmas.
O filme nos mostra desde o primeiro encontro das mulheres até a despedida de sua relação amorosa. Logo no início, somos introduzidos ao estilo de vida de ambas e de seus respectivos esposos, entendendo assim que nenhuma das duas possuía um casamento convencional e que elas, junto de seu ciclo social, faziam parte do grupo de artistas boêmios mal vistos pela sociedade da época. Vita era conhecida por viver em um relacionamento aberto com seu marido, Harold Nicholson (Rupert Penry-Jones), e por seus envolvimentos sáficos, enquanto Virginia e Leonard Woolf (Peter Ferdinando) causavam estranhamento nas pessoas por possuírem um casamento totalmente platônico.
Ao decorrer da trama, podemos observar a relação das duas se transformar, e todos os efeitos causados em Virginia por conta de tal aproximação. A mulher sempre foi uma pessoa introvertida, não se preocupando muito com romance, e com a saúde mental frágil, sendo perseguida pela depressão até o fim de sua vida. Vita era uma mulher espontânea e livre, sendo uma inspiração para Woolf e uma forma da mesma escapar de sua realidade.
Uma grande questão na vida da autora, que também é bastante abordada ao longo do filme, é a falta de desejo sexual. A personagem de Debick se sentia deslocada na sociedade e incapaz de amar e desejar os outros, por mais envolvida que estivesse. Dito isso, é explorado a forma como a intensidade de seus sentimentos pela outra permitiam que a mulher explorasse sensações nunca vividas antes; trazendo vida e inspiração artística para a mesma, independentemente de suas relações sexuais. Escrever sobre Vita fazia com que ela compreendesse o que sentia dentro de si e o que a mulher significava para ela.
Todos os acontecimentos são abordados de forma poética, contando com fragmentos das cartas originais trocadas por Sackville-West e Woolf e uma trilha sonora envolvente e indispensável. Se filmes mais lentos não forem tanto sua praia, talvez o longa falhe em prender sua atenção. Apesar disso, toda a história por trás dos acontecimentos e da vida das mulheres fazem com que o longa seja um ótimo entretenimento, além de trazer mais conhecimento sobre os bastidores de clássicos da literatura inglesa.