Com duas personagens, duas musicistas, um narrador e pouquíssimos cenários, “O Perfume da Memória” mostra a importância da conexão humana entre diálogos e uma trilha sonora original emocionante. Em seu terceiro longa-metragem, Oswaldo Montenegro fala sobre o amor em sua forma mais vulnerável.
O filme conta a história de duas mulheres, Ana (Camila Pistori), uma mulher apaixonada pela arte, livre e admiradora de tudo que há de mais belo no mundo, e Laura (Amandha Monteiro), que acaba de sair de um casamento falido e está passando seu aniversário sozinha em casa, pelo menos até Ana aparecer em sua porta dizendo que precisava de todo jeito a conhecer.
Utilizando características fortíssimas tiradas do zodíaco e explicações psicológicas para o comportamento das personagens, o espectador observa, através de longas conversas, uma forte conexão entre duas pessoas tão opostas, mas ao mesmo tempo tão complementares, ser estabelecida.
Diante de conflitos entre o desejo e a razão, Ana e Laura compartilham suas visões sobre o amor e a vida, e sem perceber se entregam totalmente à atmosfera que criaram durante seus devaneios e começam a descobrir mais sobre si próprias do que sobre uma a outra.
A narração e os cortes para as duas musicistas, uma flautista (Madalena Salles) e uma violoncelista (Janaína Salles), fazem a imersão ao universo do filme ainda mais natural, sendo complementares as discussões apresentadas pelas duas mulheres em seus primeiros momentos juntas.
Se você assim como eu gosta de longas-metragens simples e leves, porém realistas, “O Perfume da Memória” é a escolha ideal. Mais do que uma história de amor, Oswaldo nos entrega uma história de cumplicidade e nos faz questionar a nossa percepção de amor romântico e outros aspectos de nossas vidas.
A produção de 2016 está disponível gratuitamente no Youtube e possui mais de quatro milhões de visualizações.