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Resenha | O amor não é óbvio – perca a virgindade deste livro sapatônico

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Ficha Técnica
Livro: O amor não é óbvio
Autor: Elayne Baeta
Editora: Galera Record
Número de Páginas: 392
Ano de Lançamento: 2019


Publicado primeiramente pela plataforma do wattpad, “O amor não é óbvio” livro de estreia de Elayne Baeta, lançado pela editora Galera Record, em 2019, apresenta uma história de amor entre duas garotas com final feliz. Bom, isso não é spoiler, é o que a autora vende.

“- Mas isso é normal, a gente precisa parar de querer ser o sol para quem só nos enxerga como um grão de poeira.”

A narrativa é contada pela visão de Íris, uma adolescente no último ano do Ensino Médio, viciada na novela “Amor em atos” e com uma (escondida) melhor amiga e vizinha, Dona Símia, de 68 anos, que junto a ela não perde um episódio. Sua outra melhor amiga, Poliana Rios (Polly), está obcecada em perder a virgindade e na escola todos só pensam no lugar perfeito para acontecer a festa de formatura.

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Sua vida seguia normalmente, até que um dia, Cadu Sena, o garoto que Íris é apaixonada desde o oitavo ano está solteiro. De acordo com Polly, esta é a chance que ela esperava para finalmente conseguir o que quer. Entretanto, a maior obsessão dela no momento é saber o porquê Camila Dourado, a (ex) namorada de Cadu o deixou para ficar com uma garota, Édra Norr.

“Às vezes, é mais fácil alguém ao nosso redor perceber algo sobre você do que você mesmo. Algumas coisas estão tão embaixo do nosso nariz que a gente não vê direito. E elas, eu quero dizer, essas coisas estão ali o tempo todo, esperando para que a gente as enxergue. Quase gritando, torcendo pra que tropecemos nelas. O amor é assim, Íris. – Dona Símia sorriu para mim. – Devastador, enlouquecedor, enriquecedor, arrebatador, ardente, intrigante, divertido, compreensivo, imprevisível e, às vezes, quem sabe, até mágico e surreal como cenas de novela… O amor pode ser traduzido em várias palavras que a gente pula no dicionário, mas que têm significados intensos e incríveis. A gente é nada e o amor é tudo. Tudo. Menos óbvio. Por isso a gente leva um tempo até enxergá-lo, mesmo que esteja assim, dançando bem na nossa frente.”

A partir daí, entre especulações e cochichos nos corredores da escola, Íris decide, montada em sua bicicleta e rodando toda a cidade de São Patrique, iniciar seu próprio experimento científico com o objetivo de descobrir o que Édra tem de tão especial e não demora muito até que ela comece a se meter em situações que antes, provavelmente, não se envolveria e claro, começar a cair no charme da adolescente.

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Toda a ideia da história se desenvolve nas primeiras vezes e nas diversas formas de perder a virgindade (vulgo virgindade de andar de bicicleta ou coisas banais neste estilo). Apesar das obsessões com isso, o nível de stalker, quase a perseguição, e várias referências a vivências norte-americanas, como rei e rainha da formatura e outras coisas mais, a história construída por Elayne Baeta é um verdadeiro colírio para os olhos de todas as garotas LGBTQIA+ que um dia sonharam em se verem representadas positivamente na literatura.

“Você pode decidir pelo amor. Escolher o amor. Imperfeito, defeituoso, humano, porque nada vai ser impecável. Nada é perfeito, nós não somos. O amor provém de nós mesmos, e nós erramos demais. Nós somos feitos de decisões erradas. E, mesmo assim, é possível aprender e melhorar. Você pode decidir pelo amor. Você pode escolher o amor. Em todas as hipóteses e oportunidades. Ou você pode decidir deixar tudo pra lá.”

“O amor não é óbvio” é um livro que vai aquecer seu coração e te fazer sonhar com todos os clichês e as passagens divertidas, principalmente para as garotas que poderão se identificar com a Íris e suas reações com a primeira crush, a primeira percepção/descoberta de gostar de uma garota e como lidar com isso. Ou seja, é uma obra que te faz acreditar na possibilidade de existir em histórias que não sejam trágicas e com finais tristes, mas ainda te faz crer totalmente que podemos conquistar nosso espaço na literatura, com romances sáficos e garotas se beijando, e se amando sem preconceitos.

Alerta de gatilho: você irá viciar e não vai largar o livro até terminar.

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Opinião pessoal (nada tem a ver com a construção da narrativa e dos personagens): como mulher baiana e nordestina igual a autora do livro, procurei em cada canto referências a cultura baiana, nordestina e óbvio, brasileira. Algo substancial que fosse além da expressão “e outras paradas”, e poucos detalhes. O universo criado por Elayne é todo ficcional, incluindo a cidade São Patrique e as ilustrações, e isso realmente é de se aplaudir, mas quando está acostumada a ler tantos livros norte-americanos e tão poucos nacionais, você espera uma representatividade mais significativa, pois no meu mundo não existem armários na escola ou grupo composto por garotos que jogam futebol (tipo futebol americano e aqueles casacos gigantes). É preciso valorizar nossa cultura, nossa realidade e nossos clichês.


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