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Pro Mundo (Out!) | Leah Burke e a aceitação dos nossos corpos

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Com sua primeira aparição no livro “Simon vs a Agenda Homo Sapiens” (conhecido também como “Com Amor, Simon”, após o lançamento do filme), Leah Burke é a melhor amiga do protagonista, Simon, sendo sua companheira de todas as horas, extremamente irônica e muitas vezes fechada em relação ao que realmente sente. A primeira impressão que a garota passa é de alguém inteligente, mas introspectiva, não muito fácil de se relacionar.

A história do livro de Simon se passa com o protagonista, que ainda não contou para ninguém que é gay, sendo forçado para fora do armário por não conseguir ajudar (após tentar por um tempo) um colega de classe a namorar a sua outra amiga, Abby.

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Leah tem um papel secundário, porém importante em toda a trama da obra literária, pois é a pessoa que está apoiando Simon (e brigando quando necessário) todo o tempo. No entanto, muitas vezes não fica claro as motivações dela devido a forma que age, como a aversão por eventos sociais, o fato de não gostar de Abby, personagem que em todas as situações nos é apresentada como extremamente fofa e perfeita. E é aí que está a importância do livro Leah fora de sintonia.

Neste em que é a protagonista, ela finalmente consegue mostrar quem realmente é. As impressões no primeiro livro estão corretas, ela é muito inteligente, e realmente tem dificuldade em se relacionar com os outros, mas isto é algo que ela sabe e inclusive, aceita como parte de sua personalidade.

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Aqui Leah tem a chance de se abrir para o público, finalmente sendo descrita como bissexual (algo que, por mais que ela já tenha entendido e aceitado, e já tendo falado com a sua mãe a respeito, não conseguiu encontrar o momento para se abrir com seus amigos). Outro ponto muito importante da personagem (ignorado na caracterização da mesma no longa-metragem) é que ela é gorda. Ser gorda não é um problema interno para ela, e sim, mais uma característica, entretanto a protagonista sabe que as pessoas a tratam de maneira inadequada e a olham torto por isso, e este sim é o problema.

Outro detalhe que fica claro é sobre a relação de Leah com Abby. Simon não sabia sobre vários acontecimentos, e por isto ficamos às cegas no primeiro livro, mas as duas foram amigas quando a segunda se mudou para a escola da trama, no entanto, problemas de comunicação e o fato que ela (Leah) desenvolve sentimentos pela amiga torna este relacionamento problemático, e Leah, que não quer se machucar, acaba por se afastar.

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“Leah fora de sintonia” desenvolve esse relacionamento da personagem com Simon, Nick (o quarto amigo do grupinho) e claro, com Abby, com a qual (spoiler) um romance vem a se desenvolver, e a torna uma personagem muito mais completa e interessante, sem tirar as características complicadas já vistas antes, mas fazendo o leitor entendê-las.

Leah se torna então uma boa representatividade bissexual na literatura juvenil, algo ainda não tão explorado, e uma ótima representação de uma adolescente gorda, que se sente mal por não se encaixar nos padrões, mas que não vê o seu corpo como o problema que deve ser mudado, notando que, na verdade, o incômodo está nos olhares julgadores dos outros e no que ela faz quando os recebe.

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