O documentário “Divinas Divas”, dirigido pela atriz Leandra Leal, conta a história de oito travestis que se apresentavam no Teatro Rival, no Rio de Janeiro; teatro este que pertencia ao avô de Leandra, o empresário Américo Leal, na década de 70, e foi um dos primeiros lugares que deu espaço a estas artistas. Além da trajetória artística, o documentário também retrata a vida das mulheres que queriam ser mulheres, mesmo em uma época que isso era proibido a elas.
Rogéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Camille K e Fujika de Halliday contam suas trajetórias de vida e trabalho enquanto nos tempos atuais estão ensaiando uma retomada do show, homônimo ao documentário, em comemoração aos 50 anos de carreira de todas elas. Elas narram como era ser travesti na década de 70 – no auge da ditadura -, a busca por espaços em outros países como França, Espanha e Estados Unidos, e contam sobre como superaram o preconceito dentro de suas famílias ou tiveram que conviver com ele, os relacionamentos, as cirurgias, todas as conquistas.
Alguns momentos são marcantes no filme, que é basicamente uma conversa delas com Leandra, além de intercalar com cenas de shows antigos, do show que estavam montando – como a declaração de Jane Di Castro, à época, para o recém esposo -, afinal, após 46 anos haviam conseguido a união estável. Leal, em determinados momentos, intercala suas próprias memórias de quando era uma criança nas coxias do Teatro Rival com a das “divas”.
Rogéria, talvez a mais conhecida do público em geral por conta de suas participações em novelas como “Paraíso Tropical” e até “Malhação”, dizia que era a travesti da família brasileira.
O documentário traz uma luz sobre a trajetória dessas pioneiras; hoje muitas delas já não estão mais vivas. No mesmo ano de estreia, o longa-metragem ganhou, no Festival do Rio, o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular. Já o espetáculo estreou em 2004 e ficou dez anos em cartaz no mesmo teatro onde tudo começou para elas.