Quantas vezes você leu um livro ou assistiu uma série em que a personagem principal se denominou como uma mulher lésbica? Bom, no momento, não consigo me lembrar de alguma. E sabe o motivo? Porque raramente as mulheres utilizam a palavra para “sair do armário” ou se assumir como tal, e isso, definitivamente é um problema.
Como nós, mulheres lésbicas, vamos nos orgulhar, torcer e aplaudir representatividade de lésbicas se não vemos? Sempre são saídas do armário pela metade, ou metáforas para que nós, público LGBTQIA+, consiga pescar, e as outras pessoas que não fazem parte da comunidade não se sintam afetadas.
Resenha | Não conte nosso segredo – um drama que conversa com a realidade
Lexa (“The 100”), uma das maiores personagens da TV sáfica, em algum momento se declarou como lésbica? Não. Mas quantas pessoas você já escutou falando que ela é lésbica, “a patroa”, “a maior de todas”? Eu, particularmente, já escutei inúmeras vezes. Ela é uma personagem maravilhosa? É. Ela me representa? Não. E sabe por qual motivo? Estou cansada de enaltecer personagens e não ganhar nada em troca. Não ganhar o mínimo de tempo de tela, não ganhar que ela sobreviva tempo o suficiente para que me sinta conectada com ela, não ganhar uma personagem que não traia, que não seja problemática, drogada ou bêbada. O que eu preciso é de uma personagem lésbica que seja normal e não estereotipada como tantas outras.
Hoje, no Dia do Orgulho Lésbico, precisamos amplificar nossa luta, nossa visibilidade e nossas vozes. Precisamos de mais mulheres lésbicas gritando o que são, mostrando o que são e não aceitando palavras meia-bocas que podem ser contornadas a qualquer momento.
LesB Indica | Shiva Baby – comédia com uma pitada de acidez
Não devemos aceitar personagens de livros e produções audiovisuais que não usam a palavra lésbica como se fosse leprosa, com a desculpa de que é mais natural assim. Precisamos de falas de afirmação, determinação e personagens que não escondem o que são. Quero personagens orgulhosas e principalmente, personagens que abra a boca e grite: “Eu sou lésbica”.