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LesB Indica | Vida – a potência da cultura latina

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Vida” é uma série de TV norte-americana inspirada no conto “Pour Vida”, de Richard Villegas Jr., e criada por Tanya Saracho. A série foi transmitida pelo canal Starz entre 2018 e 2020, com um total de três temporadas.

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A produção conta a história das irmãs mexicanas-americanas Emma (Mishel Prada) e Lyn (Melissa Barrera), que retornam ao seu bairro de origem, Boyle Heights, uma comunidade latino-americana, em Los Angeles, para o velório de sua mãe, Vidália (Rose Portillo). O que deveria ser apenas uma visita curta para o enterro se torna uma estadia indefinida quando Emma descobre que sua mãe devia muito dinheiro, pois seu bar e seu prédio estavam afundados em dívidas.

Durante a primeira temporada vemos que as irmãs não poderiam ser mais diferentes e isso fica muito claro desde o começo. Enquanto Emma, a mais velha, é responsável, dura e extremamente séria, Lyn, a mais nova, é divertida, irresponsável e famosa por causar confusão por onde passa. Contudo, ao longo dos três anos em que a produção foi ao ar, é possível observar a evolução delas, que deixam de ser tão fixas em seus estereótipos, de irmã responsável e irmã caótica, e evoluem para uma Emma que se permite abrir para o amor e uma Lyn que percebe as consequências negativas de suas ações, não só para os outros como para si mesma, e a partir disso se torna mais consciente.

Vida” é preciosa, pois aborda diversos temas que não são muito vistos por aí, como gentrificação e as questões das pessoas que possuem duas nacionalidades. Na narrativa acompanhamos também Mari (Chelsea Rendon), residente de Boyle Heights, que participa de um grupo que milita contra a gentrificação no bairro e contra a violência com que os latinos são tratados pela polícia local.

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Essa produção tem sempre no pano de fundo as raízes, sejam elas de uma comunidade, de uma família, ou internas da própria pessoa. Emma, que havia sido mandada para viver com a avó ainda jovem em outro estado, quando adulta fez tudo o que pôde para fazer parte do mundo dos americanos brancos, de modo a não sofrer com o estereótipo negativo dos latinos no país. Distanciando-se de sua própria cultura. E Lyn, que é claramente uma hipster, também se afastou muito do que realmente é, e isso é muito apontado quando ambas voltam para o antigo local onde viveram, pois ali todos as acusam de serem falsas brancas.

A série tem um plot sáfico mais específico, porém ela praticamente inteira é focada no grupo. Emma, a irmã mais velha, que em momento algum se define, pois por um tempo usa as pessoas, tanto mulheres quanto homens somente para sexo, e a partir da segunda temporada começa a tentar se abrir para o amor. Depois disso ela se envolve romanticamente com Nico (Roberta Colindrez), com quem lentamente cria um amor calmo, mas que passa por percalços. Há também Eddy (Ser Anzoategui), que passa pela difícil fase do luto, mas em algum momento conhece uma nova mulher. Isso tudo acontece com pano de fundo dos LGBTQIA+ que frequentam o bar, e o que acontece quando elas precisam ir para outros lugares que não as aceitam.

Os pontos altos de “Vida” são os que abordam temas não tão comuns como as questões do mundo sáfico, da imigração e dupla nacionalidade, assim como da gentrificação. Já os pontos baixos são a personagem da Eddy, que só sofre durante toda a trama, o que fica um pouco cansativo. E o fato da narrativa querer abordar tantos temas em tão pouco tempo. Ao invés de passar superficialmente por várias pautas, seria melhor ter focado em poucas para explorá-las com mais profundidade.

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Vida” é uma produção leve, mas que, ao mesmo tempo, traz diversos debates pertinentes e importantes sobre a sociedade, não somente a norte-americana, do século 21.  É uma grata surpresa, em uma indústria que tem o costume de criar mais do mesmo.


A produção está disponível no Brasil no canal de streaming Starzplay.

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