“Vida”, criada por Tanya Saracho (“How To Get Away With Murder”), aborda a história de duas irmãs latino-americanas, do Eastside de Los Angeles, bem diferentes uma da outra que são obrigadas a se reencontrarem com a notícia da morte da mãe. O funeral, além de aproximar as duas, revela uma verdade a respeito da progenitora que ambas não imaginavam.
O primeiro episódio da série faz uma introdução interessante sobre as protagonistas Lyn (Melissa Barrera) e Emma (Mishel Prada), mostrando as divergências e discordâncias das duas, além do diferente tipo de relacionamento que cada uma mantinha com a mãe. Enquanto Lyn demonstra ser mais aberta e compreensiva, Emma tem um comportamento mais frio, e também distante daquela que uma vez foi a sua realidade.
O roteiro passa pelos personagens que farão parte dos seis episódios, da produção que o canal STARZ irá exibir, de forma a convencer o telespectador a querer saber mais sobre os mesmos. O mais marcante, contudo, é a escolha da direção pelos closes, câmeras instáveis e planos sequências, remetendo ao denominador comum de algumas produções independentes que desenvolvem a história a partir de uma morte.
É preciso destacar a direção de arte que acerta em cheio ao retratar a vizinhança mexicana de Los Angeles e deixar isto em evidência nas cenas, nas construções dos ambientes e também nas vestimentas de alguns personagens. Sem contar que as cores trabalhadas neste primeiro episódio são um perfeito match com a trama apresentada. A trilha sonora também cumpre o objetivo que lhe é cabido.
Contudo, a primeira vista, “Vida” pode causar certa desconfiança, a incerteza de ser ou não ser uma série que vale a penar dispor de 30 minutos por semana para conferir. Entretanto, Saracho entrega uma cena final tão gratificante, emotiva e importante, especialmente para a personagem de Prada, que conquista qualquer pessoa que se permite conferir o piloto até o final. É a conclusão perfeita de um primeiro capítulo para mostrar que existe muito mais em Emma do que a aparente capa vestida. O telespectador, então, sente a necessidade de emergir naquele universo e desvelar mais sobre aquelas pessoas que o constrói, pois, é evidente que existem muitas camadas ainda para serem vistas e descobertas.
Ademais, a série conta com uma produção 100% de mulheres, sendo boa parte latinas e queer, o que só acrescenta em positivo. Afinal, “Vida” tem como base protagonistas mulheres e tratará de assuntos como a sexualidade. Portanto, caso esteja questionando se deve ou não conferir (ou terminar o primeiro episódio), assista até os minutos finais e tome uma decisão. Eu sei que vou continuar!