Literatura

Resenha | Vermelho, branco e sangue azul – uma prova de que Casey McQuiston veio para agradar

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Ficha Técnica
Livro: Vermelho, branco e sangue azul
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 392
Ano de Lançamento: 2019


Quando se trata de representatividade LGBTQIA+ na literatura, Casey McQuiston tem se destacado entre o público leitor por suas obras repletas de personagens queers, como “Vermelho, branco e sangue azul”, e pelos espaços de segurança a que esses protagonistas estão inseridos. As histórias delu não se detém aos relatos de casos de LGBTfobia ou qualquer outro preconceito. Ao contrário, apesar de serem problemáticas presentes, suas narrativas abordam tramas políticas, viagens no tempo e buscas por garotas populares desaparecidas, e, principalmente, o amor, em todas as suas manifestações (romances, amizades, relações parentais). O talento de McQuiston se prova a cada obra publicada.

Em seu livro de estreia, Casey McQuiston nos presenteia com uma das histórias de amor mais agradáveis de ler. Vermelho, branco e sangue azul” estreou em 2019 e rapidamente se tornou popular entre os booktubers do Tik Tok e Instagram. A história do primeiro-filho estadunidense que se apaixona pelo príncipe do Reino Unido promete uma leitura que dá quentinho no coração e protagonistas encantadores e nos entrega tudo isso, com direito a borboletas no estômago e o desejo de proteger nossos personagens favoritos de tudo e todos.

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Mas quem pensa que tudo são flores na história de Alex e do príncipe Henry se engana. Para começar, o filho da presidenta norte-americana detesta o moço inglês, mas se vê obrigado a passar um final de semana inteiro ao lado do “sr. perfeitinho”, depois de um acidente protagonizado pelos dois que envolvia um casamento real, um bolo de 75 mil dólares e algumas doses de álcool.

As atividades que foram obrigados a participar juntos, fingindo serem melhores amigos (em nome da diplomacia anglo-americana), mudaram os rumos da relação de Alex e Henry. Embora as implicâncias ainda fossem recorrentes, eles se tornaram confidentes secretos. Foi para Henry que Alex ligou quando se viu ameaçado por dois perus enormes que habitavam seu quarto na madrugada de Ação de Graças.

— Como se faz um peru gorgolejar?
— Tenta gorgolejar — Henry diz — e vê se ele gorgoleja de volta.
Alex pestaneja.
— Está falando sério?
— Nós caçamos muitos perus selvagens na primavera — Henry diz, com a voz sábia. — O segredo é entrar na mente do peru.
— Como é que eu faria uma coisa dessas?
Então Henry explica.
— Faça o que eu disser. Você precisa estar bem perto do peru, tipo, fisicamente. […]
— Faça contato visual com o peru. Você fez? […]
— Certo, agora encare — Henry diz. — Conecte-se com o peru, ganhe a confiança do peru… fique amigo do peru…  […]
— Compre uma casa de praia em Majorca para o peru…
— Ah, eu te odeio, seu filho da puta!

A narrativa de Vermelho, branco e sangue azul” é rápida e fluída, tanto que os capítulos longos passam sem que o leitor perceba, e num piscar de olhos testemunhamos Alex e Henry trocando beijos surpresas nos jardins da Casa Branca e logo em seguida (com um intervalo de algumas semanas), os dois estão tirando as roupas um do outro em todos os lugares possíveis (ou não).

Acompanhar o primeiro-filho se apaixonando pelo seu príncipe encantado é como ter todos os seus desejos de leitor atendidos. Mas também é interessante presenciar as descobertas de Alex a respeito da sua própria sexualidade, do próprio corpo e desejos, e a construção do espaço seguro que seus amigos e familiares lhe oferecem, em contraposição à realidade de Henry, que também tem sua rede de apoio, só que bem reduzida, se compararmos com a de seu namorado. Quando se vê em dúvida sobre a sua orientação sexual, Alex recorre à sua melhor amiga, Nora, que “entende” sobre bissexualidade já faz algum tempo.

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Nora é ex-namorada de Alex e detém sua total confiança, bem como a de outros membros da primeira família, como por exemplo, a presidenta, que a contrata para trabalhar em sua campanha. A neta do vice-presidente dos EUA é um gênio da computação, além de ser a integrante mais inteligente (e intrigante) do “Trio da Casa Branca”, como é chamado o grupo de melhores amigos composto por Alex, sua irmã, June e por Nora. 

O pano de fundo que serve de palco para essa história de amor é a corrida eleitoral dos Estados Unidos. Em Vermelho, branco e sangue azul”, Casey McQuiston nos apresenta a uma realidade bem diferente da que vimos acontecer, uma realidade em que os republicanos não venceram a eleição depois de Barack Obama e que, em vez de um presidente de caráter duvidoso, os norte-americanos elegeram sua primeira mulher para a presidência da república.

Vermelho, branco e sangue azul” traz ainda uma personagem lésbica trans-feminina e cenas que mostram o valor do relacionamento de Alex e Henry para a comunidade LGBTQIA+. Uma obra que nos mostra que a escrita de Casey McQuiston veio para agradar.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
5

Sinopse

Quando sua mãe foi eleita presidenta dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como tanto deseja. Mas quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado ― e que ele não suporta.
O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois. Para evitar um desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia imaginar ― e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem?

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