Resenha | Garotas (im)perfeitas – uma narrativa com personagens imperfeitos

Ficha Técnica
Livro: Garotas (im)perfeitas
Autor: Raíssa Selvaticci
Editora: Qualis
Número de Páginas: 417
Ano de Lançamento: 2022

É impossível ler “Garotas (im)perfeitas” e não lembrar de “Um de nós está mentindo”, mas neste caso, em vez das protagonistas serem suspeitas de assassinato, elas investigam uma morte. Áustria Fontes é a rainha do colégio, com suas notas impecáveis, um namorado perfeito e uma carreira de miss em ascensão, ela é o que todas as garotas invejam, ela é perfeita.

Até que seu namorado morre, e por mais que a polícia insista na teoria de que foi suicídio, ela sabe que qualquer um no colégio American Saint teria bons motivos para matá-lo, e diante de tantas dúvidas, e sem o apoio de ninguém, a única pessoa que lhe sobra é a melhor amiga de Hélia, o namorado morto, Maya Jeong, a pessoa que ela mais odeia no colégio.

A cada novo capítulo de “Garotas (im)perfeitas” descobrimos um novo segredo das personagens e vamos percebendo como as relações estabelecidas ali eram quase todas de fachada. A iniciar pelo próprio namoro de Áustria e Hélia, já que ela tinha conhecimento de que seu namorado lhe traia há cerca de dois meses com a melhor amiga, Maya.

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E é a partir desse momento que percebemos que Áustria não é quem ela diz ser, pelo contrário, a personagem tem completa noção de todas as máscaras que carrega, dessa persona que incorpora para sobreviver a sua realidade. E ela não se importa nada em ser essa pessoa falsa, já que vê como o melhor caminho para conseguir o que deseja, sem contar que ela adora essa relação de poder que sua fama lhe proporciona.

Em contrapartida, Maya tenta não chamar atenção, mas, por conta do seu visual e de sua personalidade, ela também é uma figura conhecida no colégio, que carrega uma fama oposta de Áustria, já que foi tirada do armário em um concurso de beleza que sua mãe lhe obrigou a participar.

O mistério da morte de Hélia é o que move a história de “Garotas (im)perfeitas”, e o que obriga as personagens a conviverem e se entenderem, uma tarefa difícil, já que Maya julga tudo que Áustria faz, enquanto Áustria está preocupada em manter seu maior segredo longe de Maya e da escola, preservando a sua imagem de aluna perfeita e rainha dos concursos de beleza.

Mas, quanto mais investigam todas as pontas soltas que envolvem esse possível assassinato, mais próximas as personagens ficam, o que vai tornando impossível que não confundam os sentimentos que vão desenvolvendo, e a linha tênue entre amizade e paixão vai ficando cada vez mais confusa.

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O desfecho para o assassinato é até surpreendente, já que é difícil prever o principal envolvido, o que não torna uma boa solução para o problema, já que o personagem era insignificante para a história, sua motivação não é convincente, há muitas pontas soltas e a resolução surge em uma grande cena para lá de dramática, o que tira o brilho do clímax de “Garotas (im)perfeitas”.

O que torna a relação das personagens a melhor parte da história, sem contar que nos é apresentado personagens que fogem da dualidade do bom e do mal, por mais que clichê. É interessante conhecer esses personagens que não se importam tanto em ser uma boa pessoa, que apenas querem conquistar as coisas, independente de todo o resto.

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