Literatura

Resenha | As guerrilheiras – feminismos e lesbianidades

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Ficha Técnica
Livro: As Guerrilheiras
Autora: Monique Wittig
Editora: Ubu
Número de Páginas: 141
Ano de Lançamento: 2019


“Elas dizem: serei eu a vingança universal.”

Publicado pela primeira vez em 1969, o livro “As Guerrilheiras”, de Monique Wittig, é um dos textos feministas mais lidos no século XX. O romance apresenta mulheres em suas construções e desconstruções enquanto categoria, muitas vezes nomeando ou contradizendo o que há muito é veiculado sobre as vidas sáficas. Wittig se utiliza do místico, que as coloca cotidianamente em um espaço de ser-incompreendido-portanto-interditado, para dizer a respeito de espaços, demandas e linguagens.

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A teórica, escritora e tradutora francesa é uma lésbica-materialista, sendo uma das principais ativistas do movimento pelos direitos das mulheres e precursora da Teoria Queer, por tensionar a categoria mulher e a estabelecer para além da mistificação, binariedade e naturalização de gênero a partir de sexo. Suas produções perpassam questões a respeito da condição material das desigualdades.

“As Guerrilheiras” convida à leitura que passa por uma comunidade de mulheres sáficas, propondo a criação e manutenção de liberdade, memória e materialidade das lesbianidades, compreendendo a invenção literária junto à investigação das experiências de mulheres. Utilizando-se do simbólico, propõe a crítica sobre a idealização do que é entendido como mulher, rompendo com os ideais essencialistas.

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A formulação utilizada no romance causa curiosidade e, até, incômodo. Fragmentando trechos, Wittig estabelece desassossegos: rompendo com qualquer forma preestabelecida pela literatura, se despindo, também, da cronologia, suas histórias passeiam sem distinção entre antes, agora e depois. Portanto, a obra busca ser uma ferramenta de disputa no que se refere ao universal e aos discursos masculinos e naturalistas a respeito das mulheres, possuindo caráter de construção para além do patriarcal, binário e heteronormativo.

O afogamento provocado pela leitura é inevitável, pois o horizonte político de Monique Wittig é amplo: faz a transição do singular e excludente mulher para o plural mulheres, apresenta uma comunidade completa e complexa, desconstrói noções e espaços, constrói concepções de gênero, tensiona o que seria sagrado ou profano, lista nomes sem maiores indicações de quem sejam nas categorizações de gênero, apresenta perfeições e podridões orgânicas. São feituras a respeito dos feminismos e das lesbianidades que se fazem ironizando padrões ideológicos, literários e teóricos.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
5

Sinopse

Ativamente envolvida com as revoltas de estudantes e trabalhadores em Maio de 1968, Monique Wittig foi uma das primeiras teóricas e ativistas do novo movimento feminista. O romance As guerrilheiras é um de seus trabalhos mais influentes e um dos textos feministas mais lidos do século XX. Desde que existem homens e eles pensam, cada um deles escreveu a história em sua linguagem: no masculino. “Se as palavras qualificadas são de gêneros diferentes, o adjetivo se usa no plural masculino” (Grévisse). As guerrilheiras trata do ataque à linguagem e a corpos masculinos por uma tribo de mulheres. Dentre as armas mais poderosas usadas em sua investida contra os costumes literários e linguísticos da ordem patriarcal está o riso. Neste romance publicado pela primeira vez em 1969, Wittig anima uma sociedade lésbica que convida todas as mulheres a se unir à sua luta e à sua comunidade. As guerrilheiras é um romance inovador sobre a criação e a manutenção da liberdade. Grande parte de sua energia emana do enaltecimento do corpo feminino como fonte de invenção literária. “Elas dizem: a partir de agora, recuso-me a falar essa linguagem, recuso-me a murmurar como eles as palavras de falta, falta de pênis falta de dinheiro falta de signo falta de nome”.

Bombando

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