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Pro Mundo (Out!) | Holland de “Não Conte Nosso Segredo” e a realidade da maioria dos LGBTQ+

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“Não Conte Nosso Segredo” é um romance juvenil da autora Julie Anne Peters. O livro conta história de Holland Jaeger, uma adolescente que está no último ano da escola e precisa lidar com a escolha da faculdade, além disso, uma nova menina aparece na sua escola, Ceci, que acaba deixando-a confusa sobre sua sexualidade.

Durante o enredo, Holland e Ceci acabam se aproximando e se apaixonando uma pela outra, mas a protagonista ainda se vê presa ao relacionamento que ela tem com seu namorado de longo data, Seth, e também aos comentários preconceituosos do seus amigos e toda a escola.

O livro mostra de forma bem gradual e natural o processo de Holland. Aos poucos, a personagem vai percebendo que esse interesse e curiosidade que ela tem por meninas sempre existiu, e aos poucos vai entendendo essas mudanças, respeitando seu próprio tempo.

A personagem é de fácil identificação porque ela passa pelas mesmas situações que um adolescente, como a responsabilidade de ir atrás do seu futuro, melhorar as notas escolares e ainda lidar com os dramas de seus amigos. Depois que aproxima-se de Ceci, ela começa a abrir os olhos para dentro do ambiente escolar e perceber que o bullying e o preconceito existe, assim como a invisibilidade, e isso faz com que comece a se incomodar e lutar por melhorias junto com Ceci.

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A heterossexualidade compulsória de Holland Jaeger

Heterossexualidade compulsória é o termo usado a um fenômeno muito comum na sociedade. Desde sempre, vivemos com referências heterossexuais, a chamada heteronormatividade, quer dizer que estamos cercados de referências heterossexuais, e desta forma a maioria das pessoas acabam absorvendo esse senso comum e deixa de lado a autoavaliação. E é isso que acontece com Holland, pois ao passo que ela vai percebendo que o que ela sente por Ceci é algo além de amizade, a personagem principal começa a refletir sobre o seu relacionamento de longa data com Seth.

A heterossexualidade compulsória é algo mais comum do que imaginamos, existem muitas pessoas que só descobrem que são lésbicas ou gays depois de alguns anos, como é o caso da jornalista e influencer digital Alexandra Gurgel. Ela possui um canal no Youtube chamado “Alexandrismos”, onde produz conteúdo sobre body positive, gordofobia e autoaceitação.

Recentemente, Gurgel fez um vídeo contando sobre a descoberta da sua sexualidade e de como foi todo um processo de aprendizado e autoaceitação.

Assim como a youtuber, a personagem principal reflete sobre sua sexualidade depois que se vê apaixonada por Ceci o que é interessante, pois assim como Gurgel, depois que a protagonista se dá conta que está apaixonada por uma mulher, ela percebe que sempre foi lésbica, e assim como a dona do canal “Alexandrismos”, ela entende que uma “chave” virou em sua cabeça, e se vê de uma forma diferente.

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A realidade da maioria dos LGBTQ+

“Não Conte Nosso Segredo” toca em muitas situações cotidianas para quem é LGBTQ+. Ceci é assumidamente lésbica e tenta lutar contra a homofobia dentro da escola, através de ações como criar um clube LGBTQ+, se auto-afirmando e se emponderando, inclusive a personagem passa por diversas situações em que é descriminada por sua orientação sexual dentro do ambiente de ensino.

Ao decorrer do livro, Holland também passa a sofrer preconceito, tanto por parte dos seus amigos, que não entendem o processo de descoberta, tanto por parte de sua mãe, que acaba expulsando-a de casa. Essa parte do livro é bem marcante e emocionante, pois a rejeição que os pais têm com os filhos LGBTQ+ é mais comum do que se imagina.

Assim, sendo apenas uma adolescente, ela precisa lidar com essa rejeição e tentar reerguer sua vida. Junto com a namorada, encontra um abrigo para ficar enquanto sua mãe tenta lidar com a descoberta da sua sexualidade. O romance é muito forte, porque mostra que muitas vezes, os pais não conseguem absorver essa informação de imediato. Isso acontece, porque eles projetam uma vida para os filhos e se enchem de expectativas, e quando não se realiza da forma como era esperado, acabam descontando nos primogênitos um sonho e uma vontade que nunca existiu.

O livro é muito sensível nesses pontos, principalmente no modo como Holland tenta encontrar na rejeição da sua mãe uma força para lutar por si mesma, e assim tornar-se independente. “Não Conte Nosso Segredo” é o reflexo da vida da maioria das pessoas LGBTQ+, e sua protagonista é uma personagem que mostra que, mesmo sendo difícil, é possível e você deve lutar pela sua identidade.

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