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Pro Mundo (Out!) | Clarke Griffin e o fardo da liderança

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Se existe uma coisa que não podemos negar quando se trata de “The 100”, é que a série tenha talvez um dos mais diversos e multidimensionais personagens femininos da TV e que não hesita em entregar a estes os seus melhores, e mais pesados arcos. Tudo isso é potencializado quando falamos de sua protagonista, Clarke Griffin (Eliza Taylor). Os longos cabelos loiros, a aptidão para as artes e a posição privilegiada que ela ocupava dentro da sociedade construída por aquilo que havia restado da humanidade no espaço, deram-a logo no princípio da série o apelido de “Princesa”, e este talvez tenha sido o primeiro dos estereótipos que a série viria a derrubar.

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Com menos de 18 anos, Clarke foi jogada na terra em uma missão suicida, junto de mais 99 outros jovens, para saber se o planeta estava novamente habitável depois de 97 anos de um ataque nuclear. Após a confirmação deste fato, se viu em uma posição de liderança tendo que lidar com a responsabilidade de manter aquele grupo de pessoas vivas. Seja lutando contra aqueles que já estavam aqui, a ameaça de uma inteligência artificial ou um grupo de prisioneiros mercenários.

Em um universo como o de “The 100”, a decisão correta nem sempre é a que salvaria o seu povo, mas aquelas que seriam consideradas cruéis ou desumanas, mesmo sendo a única opção, também deixam suas marcas. E aqui temos uma jovem mulher de tamanha força que prefere abraçar essa responsabilidade, enfrentar estes dilemas e sofrer as consequências disso sozinha, do que deixar que seus amigos e aliados sofram também. A verdade é que estamos na presença de alguém que é inteligente, estrategista, fez aliados, venceu guerras e é capaz de tomar decisões que por muitos seriam consideradas impossíveis, mas também é muitas vezes altruísta e de uma resiliência incomparável. Isso tudo sem ignorar aquele que seja talvez o fato mais interessante sobre a mesma, ela não é perfeita.

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Tudo bem que alguns deles até podem ser considerados incoerentes com a personalidade do personagem, mas durante as últimas cinco temporadas, Clarke errou e errou muito, como qualquer pessoa erraria, porque mesmo com o quase natural talento para liderança, ela é acima de tudo, humana. Até porque temos que concordar que muitos no lugar dela já teriam desistido, pois, seja quando seu pai foi morto acusado de traição ainda na arca – o que destruiu totalmente a relação com a sua mãe -, o que houve com Finn (Thomas McDonell) e Lexa (Alycia Debnam-Carey), ou quando ela ficou por seis anos praticamente sozinha na terra; a verdade é que provavelmente ninguém ali tenha perdido tanto quanto Clarke Griffin, e mesmo assim ela nunca parou de lutar, não só pela própria sobrevivência ou de seus amigos, mas literalmente de toda a humanidade.

Além de toda a sua importância na representação de uma personagem feminina forte e multifacetada, Clarke é também a primeira protagonista bissexual na CW e junto de Lexa é parte do ship que devido a tudo que aconteceu, dentro e fora das telas, talvez seja um dos mais importantes da história da comunidade LGBTQ+ na TV. A bissexualidade de Clarke é tratada com total naturalidade no universo da série, onde a vemos se interessar e se apaixonar por homens e mulheres sem nenhum sinal de alarde por parte dos outros personagens, e isto entra como um dos pontos mais positivos dessa narrativa. (Só nos resta acreditar que a gente não vá ter que esperar chegar um futuro distópico pós-apocalíptico para isso acontecer).

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Às vezes sinto que em meio a ship wars, e clamores de justiça pela morte da Lexa (justíssimos, não me levem a mal #LexaDeservedBetter), parte do público da série ignora o quão importante foi a jornada da real protagonista desta história. Vimos Clarke sair da posição de ser privilegiada o suficiente para acreditar que o caminho certo era sempre seguir as regras, a se tornar a própria Comandante da Morte, de ser embaixadora do 13º Clã e ser a última mulher viva sobre a face da terra, de ser filha e passar a se tornar mãe. Às vezes sacrificando a si mesma, sua própria felicidade em nome de seu povo e por quase sempre não sendo reconhecida por isso.

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