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No Diário (Out!) | Falo

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Com que frequência você fala dos seus sentimentos?

Eu te amo.
Isso me machuca.
Sinto saudades.
Eu tô BEM afim.
Você me dá cócegas na barriga.
Preciso ficar sozinha.
Preciso estar com você.

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Qual foi a última vez que você falou sobre como você se sente, sem se julgar? Sem se sentir vulnerável?

A gente tem vivido a cultura do desapego… sei lá, parece que é proibido sentir. É proibido se emocionar. Quanto mais envolvida eu estou, mais indiferente eu preciso me apresentar.

Loucura, né?

Por um momento, cheguei a acreditar que era isso mesmo. Não tem para onde correr. Aquela velha história de “em um relacionamento sempre tem alguém que gosta mais”, “pisa que ela corre atrás”… sabe?

Outro dia, vi uma matéria que dizia que as relações precisam de doses de insegurança, para parceira não achar que o jogo está ganho. Eu não sei vocês, mas aos 17 eu até podia querer jogar esse jogo, aos 27 eu só quero paz.

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Não bastasse o tanto de insegurança que o simples fato de existir já nos traz, vamos caçar relacionamentos com gente que deixa elas à flor da pele?

Deusa que nos livre!

A moça ainda dava dicas de como fazer “ele” grudar: “tire um dia para você”, “não esteja sempre disponível”, “não seja muito humilde”, “mime, com moderação”, “não implore por atenção”. E completa com o alerta: “cuidado na dose ou “ele” pode realmente partir”.

Tá anotando?

Certa vez, me disseram que eu precisava esperar cinco encontros para transar. No quarto, não me segurei. Assinei minha carteirinha de piranha e arruinei os planos de conquista ou reputação ou sei lá o que.

Quem foi o idiota que inventou isso que a gente não pode fazer o que tem vontade?
Quem foi o idiota que inventou isso que a gente não pode falar sobre amor?
Quem foi o idiota que inventou essa cartilha (aquela) sobre como se relacionar?

Se a gente não fala, não alinha expectativas.
O problema não é eu querer um relacionamento e o outro não.
O problema é a gente se fechar em nosso universo particular e achar que esses joguinhos vão nos levar a algum lugar saudável.

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E digo mais: como a gente espera dividir a vida com qualquer pessoa, sem compartilhar nossos desejos, nossas frustrações… sem ser inteiro?

Por mim, a gente pega esse monte de baboseira que ouve por aí e troca por uma palavrinha: diálogo. Falar pode doer, não sejamos hipócritas, mas também cura e poupa um bocado de vida.

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