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Entrevista com Natalie Smith da websérie “A Melhor Amiga da Noiva”

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A atriz Natalie Smith começou a atuar com treze anos de idade e realizava cover da atriz Anahí, da banda RBD, utilizando o nome Nathi Wera. Nascida em São Paulo, viveu por muitos anos no Rio Grande do Sul até se mudar para a cidade do Rio de Janeiro aos 19 anos, onde fechou o ciclo como sósia para focar na carreira. Em 2015, com a websérie “Entre Duas Linhas”, ganhou uma fanbase LGBTQ+ devido ao papel protagonizado na trama, que só aumentou e se consolidou com a produção “A Melhor Amiga da Noiva”, em que estrelou ao lado de Priscilla Pugliese.

A Karolen Passos bateu um papo com a artista, que bebe café americano puro com duas pedras de gelo (agora vocês já sabem o café que ela gosta), sobre “A Melhor Amiga da Noiva”, representatividade LGBTQ+ e os próximos trabalhos. Confira:

Karolen Passos: Você já trabalhou em duas webséries, “Entre Duas Linhas” e “A Melhor Amiga da Noiva”, e começará em breve a gravar mais uma produção neste formato. Como é esta experiência de trabalhar em webséries?
Natalie Smith: Na verdade, já trabalhei em outras webséries também, mas LGBT foram essas. Também atuei em um filme LGBT em que eu fazia uma vilã: praticava bullying, era preconceituosa e totalmente contra o relacionamento homoafetivo. Particularmente, me encantei porque a websérie fica entre o meio, não é uma novela e não é uma série, a gente ainda trabalha um pouco com a linguagem de novela e cinema. Então, para mim, é tudo. E fora o contato com a galera da internet que é sensacional! Você poder trabalhar na internet e independente também faz toda a diferença. E sou apaixonada pelo público LGBT que temos hoje, que é muito fiel, está com a gente em todos os lugares. Eu faço cinema também e teatro, mas sou muito feliz fazendo websérie, que é onde ganhei esse público.

KP: Sabe-se que o público LGBTQ+ feminino sofre ainda com pouca representatividade na mídia, e por muitas vezes, são as poucas que possuem que lhes dá coragem de ser quem são e até mesmo aceitar a si mesmos. Para você, como é ter esta fanbase LGBTQ+?
NS: Era um público que não esperava que a gente fosse ter tanto retorno quanto temos. Logo quando começamos tinham pouquíssimos (personagens LGBTQ+), hoje já temos mais, na internet e na TV aberta. Quando iniciamos, acho que realmente não tinha, então, isso fez com que a galera se sentisse mais próxima da gente. E em ambas as séries sempre tratamos o nosso relacionamento, entre duas mulheres, como uma coisa natural, como deve ser tratada. Não era algo fora do comum você ter um relacionamento com outra mulher e com uma amiga sua. Buscamos lidar de forma natural para que as pessoas entendessem e vissem que elas não estavam fazendo nada de errado. Acho que isso foi o que aproximou esse público, que já não tinha representatividade, que tinha certa carência, em poder se ver através de um personagem. E foi isso, poder tratar com naturalidade, de que as coisas dão certo, e qualquer casal ou pessoa, independente, pode ter problemas.

KP: Quando começou a gravar “A Melhor Amiga da Noiva”, você esperava uma recepção tão grande do público, ao ponto de se tornar internacional?
NS: Nunca imaginei. Principalmente a questão internacional, porque temos muitos fãs na Índia, que é um país que a gente precisa muito entrar. Tem na França, Itália, muitos países da América Latina, Chile, Uruguai. Então, temos um retorno muito grande do público de fora, e é legendado. Isso é sensacional! Nunca esperava atingir essa audiência. E não tínhamos noção de que a repercussão seria tão grande. Sempre esperamos que o público goste do nosso trabalho, mas é uma quantidade surreal hoje.

KP: Na Índia?
NS: Fora do Brasil é o lugar que mais tem fãs. Eles fizeram divulgação lá e na Indonésia. Colando cartazes de “A Melhor Amiga da Noiva” na rua.

KP: Como foi trabalhar com a Priscilla Pugliese?
NS: Eu a conheci durante um curso, mas não nos falávamos, só nos cumprimentávamos. E quando eu realmente a conheci, que foi quando começamos a trabalhar em “Entre Duas Linhas”, a gente não tinha tanta afinidade, tanta química quanto agora. Hoje somos as melhores amigas uma da outra, andamos juntas, 20 horas por dia, quando não são 24, e ela é uma pessoa muito especial para mim. Apesar de toda a diferença em compatibilidade que temos, conseguimos nos entender. Trabalhamos muito bem juntas, nos completamos na vida profissional e na vida pessoal, aprendemos muito uma com a outra. Então, as vezes, é até engraçado quando vou trabalhar com outras pessoas, porque já estou tão acostumada a trabalhar com ela constantemente (risos). Quando estamos no set, somos eu e ela, e a gente se dá toda força possível, a gente se ajuda pra caramba, então, é muito bom poder trabalhar com a Priscilla.

KP: Você interpretará, em “The Stripper”, uma personagem com vida dupla. Como está sendo a preparação para vivê-la?
NS: Comecei a preparação recentemente. Estou fazendo programação neurolinguística para que eu consiga me transformar completamente como artista. Estou entrando numa nova fase. É uma personagem que preciso que seja diferente de qualquer coisa, pois como já é minha segunda inspirada na Camila Cabello, preciso buscar alguma outra essência. Então, já estou fazendo essa programação, começando com um coach, fazendo pole dance, malhando também por causa da força que preciso para o pole dance. Estou indo para Santa Catarina fazer também com uma outra especialista neste tipo de dança, com quem vou ter uma semana de treino intensivo para duas coreografias. Tanto o psicológico quanto o físico está sendo muito bem trabalhado. É uma personagem que vai me exigir muito, é uma diferença de gestos, de corpo, de caminhada, de jeito de falar, de voz, que eu preciso encontrar. Acredito que vai ser uma das minhas maiores construções por serem dois personagens em um único projeto.

KP: O que você pode nos contar sobre o curta-metragem “Realidade Frenética” e sua personagem Júlia?
NS: Foi um processo intenso, principalmente de leituras. Um trabalho muito psicológico. Estava com um elenco incrível e um diretor sensacional. Estava com pessoas ao meu redor muito profissionais que estão no mercado, que são boas. Então, tinha toda essa responsabilidade. E a minha personagem carrega um peso do abuso sexual, ela estava inconsciente quando aconteceu. E isso realmente acontece demais, das pessoas irem para festas, beberem, usarem algum tipo de droga. Falamos sobre isso (no filme), as consequências desses atos que não temos como controlar. E mostra como a minha personagem ficou suscetível a essa situação, e por informações erradas, por ignorância, esses três homens acabam abusando sexualmente dela durante essa festa. É um projeto que também queremos levar para as escolas, para orientar as pessoas sobre as drogas, uso de camisinha, bebida alcoólica e sobre consciência de que ‘meu corpo, minhas regras’, né, e você não tem direito nenhum de tocar no meu corpo, ainda mais se eu estiver inconsciente.

KP: É perceptível que você sempre interpreta personagens que se encontram em situações mais intensas. Você tem preferência por essas (personagens) que tenham um peso dramático mais forte?
NS: Tenho. Quando eu posso escolher ou quando vou escrever alguma coisa, opto por problemas da sociedade. Já fiz muitos personagens que tinham mais frescor, mais jovem, que não possuem muitos problemas, mas a minha preferência é por personagens mais fortes, que me desafiem e que, de certa forma, causem algum impacto social, que levem uma mensagem moral, porque acredito que é a função da arte, informar as pessoas.


Você pode conferir todos os episódios de “Entre Duas Linhas” e “A Melhor Amiga da Noiva” no canal Ponto Ação Produções. Para novidades sobre o filme “Realidade Frenética” siga-os no Instagram.

Bombando

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