Além dos rostos conhecidos de Bette Porter (Jennifer Beals), Shane McCutcheon (Katherine Moenning) e Alice Pieszecki (Leisha Hailey), somos apresentadas a diversas novas figuras que farão parte da nova jornada do tão amado e polêmico drama sobre o universo lésbico de Los Angeles, que desta vez conta com muito mais representatividade.
Apesar do grande impacto em novas e antigas gerações por ser uma das séries pioneiras a abordar temáticas LGBTQIA+, e principalmente por ser focada nisso, não há como negar as problemáticas da narrativa original, centrada na vida das personagens principais ricas e brancas que se encaixam dentro da letra L de nossa comunidade. Já nesta nova versão, contamos com personagens das outras letras da sigla e há maior representatividade de pessoas negras, latinas e asiáticas, sem todos os esteriótipos presentes anteriormente, por mais que ainda seja centrada numa realidade bem elitista.
“The L Word: Generation Q” mostra que uma produção pode sim se reinventar e continuar sendo relevante uma década depois de seu término. Com um desenvolvimento mais realista, maduro e mais político, a trama não perde sua essência dramática e sensual, porém sempre com a medida certa de humor.
(contém spoilers)
A temporada começa com uma picante cena de sexo entre duas das novas personagens, Dani Núñez (Arianne Mandi) e Sophie Suarez (Rosanny Zayas), duas mulheres de cor, sendo que uma delas está no meio de sua menstruação, mostrando que Generation Q está tentando reparar diversas falhas de sua série derivada. Logo depois disso, o paradeiro de nossas antigas protagonistas começa a ser mostrado: Bette está no meio de sua campanha para prefeita de Los Angeles, divorciada e com a guarda de Angie (Jordan Hull), que está com 16 anos; Alice é a mais nova apresentadora de um programa de auditório voltado ao público LGBTQIA+ feminino e morando com sua mais nova namorada, Natalie Bailey (Stephanie Allynne), e seus dois filhos; e Shane está milionária após abrir diversas franquias de seu salão de beleza e com alguns conflitos em seu relacionamento com a cantora Quiara Thompson (Lex Scott Davis).
Depois dos reencontros, não tardamos a conhecer as novas narrativas: Dani e Sophie são um sucedido jovem casal que mora com seu amigo Micah Lee (Leo Sheng), um homem trans bissexual, assistente social que começa a se envolver com o novo vizinho artista, José Garcia (Freddy Miyares). Sophie, juntamente de Sarah Finley (Jacqueline Toboni) faz parte da equipe do programa de Alice, enquanto Dani é uma jovem empresaria que trabalha na empresa do pai, porém logo no fim do primeiro episódio decide largar seu emprego para trabalhar na campanha de Bette; Angie, agora com 16 anos, é sem dúvidas uma das personagens mais maduras da série, lidando com todas as mudanças e conflitos comuns na vida de uma adolescente de sua idade, como por exemplo seus sentimentos sobre sua melhor amiga, Jordi Sanbolino (Sophie Giannamore); e Natalie é uma amável psicóloga divorciada que, apesar de estar muito feliz em seu relacionamento com Alice, tem assuntos não resolvidos com sua ex-mulher, Gigi Ghorbani (Sepedih Moafi).
Ao decorrer dos episódios somos apresentadas às outras personagens, como Tess Van de Berg (Jamie Clayton), uma barwoman no que hoje ocupa o lugar do antigo The Planet, que mais tarde é comprado por Shane e transformado num bar para mulheres LGBT chamado Dana’s, em homenagem à antiga personagem. Também nos é mostrado as dinâmicas de convivência entre a nova e velha geração, que ocorre de forma orgânica e divertida, e dos diversos relacionamentos, românticos ou não, que vão se desenvolvendo durante os oito episódios. Algumas questões sobre o paradeiro das antigas personagens também são respondidas, contando inclusive com uma aparição de Tina Kennard (Laurel Holloman) em dois dos capítulos finais.
Apesar de todos os pontos positivos, principalmente em comparação ao enredo original, uma coisa que ainda deixa a desejar quando se trata de “The L Word” é como os romances são desenvolvidos. Nenhum casal é representado como algo que almejamos, todos têm diversas falhas, principalmente de comunicação, e a maioria acontece de forma corrida e rasa. Sem falar no enredo de traição, tópico muito criticado desde sempre e que continua presente neste novo ciclo da narrativa.
A nova temporada de “The L Word: Generation Q” já está confirmada pela emissora norte-americana ShowTime e você poderá conferir a primeira temporada da série na plataforma de streemingAmazon Prime Video, já que a mesma teve sua estreia hoje.