Em seus primeiros minutos, “Humans” já demonstra que conflito e caos serão os temas centrais da nova temporada. O episódio se inicia com uma montagem de vários noticiários informando o que aconteceu com o mundo após o código de consciência ter sido liberado. Dezenas de humanos mortos resultam em diversos protestos contra o uso dos synths, gerando a destruição e isolamento dos sintéticos que possuem tal “defeito”.
Para os humanos, a consciência dada aos synths é um defeito que precisa ser combatido, a destruição e a criação de locais que os contenham são as maneiras encontradas para enfrentar esse problema global. Por um lado há humanos que defendem que sintéticos devem possuir direitos e oportunidades tais como os humanos, enquanto há organizações que são contra a qualquer tipo de relação com as inteligências.
Apesar de haver protestos contra o uso deles (synths), há pessoas que ainda os necessitam e, pensando nisso uma empresa passa a produzir novos sintéticos sem o tal “defeito” e mudam a cor da iris para laranja para diferenciá-lo dos demais. Comercializados como “bonzinhos”, os novos synths são máquina incapaz de questionar as ordens dos humanos, diferente daqueles com a iris verde, que são os que não querem mais ser tratados como propriedade do homem, e que passam a ser tratados como os vilões na série.
Um ano após a liberação do código da consciência, Waltringhan relembra a morte de 110 mil humanos. Enquanto Max (Ivanno Jeremiah) e Mia (Gemma Chan) assistem juntos com os demais synths as homenagens a tais mortes. Agnes (Holly Earl), uma das sintéticas que assiste o noticiário junto com Max e Mia, começa a questionar porque eles devem lamentar pelas mortes daquelas pessoas, já que eles ainda os matam e destroem por pura diversão. O personagem de Jeremiah, que surpreendentemente torna-se um líder equilibrado e sábio, tenta convencer Agnes de que um dia os humanos irão aceitá-los, porém fica claro que ela não possui nenhuma esperança de que um dia isso possa ocorrer.
Passamos a entender o motivo que leva Agnes a não ter nenhuma expectativa de que as coisas possam melhorar, quando Max e Mia conversam sobre a constante interrupção de energia aprovada pelo governo que interfere na recarga dos sintéticos, gerando a morte dos mesmos. Ao percorrer o lugar em que Mia e os demais synths vivem, entendemos que o local em que eles foram colocados, para a proteção deles e dos humanos, muito se assemelha a campos de refugiados, afastados da sociedade, sofrendo com privações e distanciamento, tendo apenas uma televisão que os conecta ao resto do mundo.
Esse é o novo mundo, synths lutando pela sobrevivência, enquanto a maioria dos seres humanos quer dizimá-los. O mais interessante dessas séries de ficção é que apesar de usarem elementos fantasiosos, é possível relacionar com assuntos que nos rodeiam. Apesar da usar máquinas, no fim a produção conta a história de um grupo tentando sobreviver e adquirir direitos, tais como os refugiados.
Longe dali, Niska (Emily Berrington) e Astrid (Bella Dayne) vivem numa bolha de aceitação que aparentemente não possui interferências do mundo externo. Astrid trabalha num bar que incentiva a aproximação entre synths e humanos. Tudo parece estar indo bem, até que há uma explosão no local, matando sintéticos e pessoas, e deixando a personagem de Dayne machucada. Ao percebe que Niska está sem sua lente de contato, Astrid a manda fugir, para evitar que a polícia a prenda.
Neste novo contexto, os sintéticos têm duas opções, se esconder e tentar viver uma vida normal, como Niska e Karen (Ruth Bradley), ou eles mostram sua verdadeira natureza e são marginalizados, como Max e Mia. Mais uma vez podemos fazer uma relação com a nossa realidade, e neste caso falo da comunidade LGBTQ+, quantos de nós temos que reprimir nosso verdadeiro eu para não sofrer agressões físicas e/ou psicológicas, tal como ocorre com os personagens da série.
Enquanto Max, Mia e Niska sofrem com as consequências de serem sintéticos com consciência, a família Hawkins vive com os efeitos da nova ordem mundial dentro de casa. Joe (Tom Goodman-Hill) e Laura (Katherine Parkinson) se divorciam, e ele decidi viver numa comunidade que promove o não uso de synths, enquanto Laura se torna ativista em defesa dos direitos dos mesmos. O desenvolvimento da matriarca é um dos mais importantes da série, porque no início ela abominava as inteligências e hoje é uma das pessoas mais importantes no enredo. A personagem de Katherine, passa a ser convidada para participar de comissões e programas de TV para que ela possa defender os sintéticos. Durante uma de suas aparições em um dos programas locais, Laura e os demais descobrem que o responsável contra o atentado ao bar, é na verdade um grupo de sintéticos que cansados das opressões, que decide usar a violência e ações radicais para mostrar que não abaixarão mais a cabeça para os humanos.
Esse ato, então, separa os sintéticos em dois movimentos, aqueles que querem dialogar para conseguir um espaço na sociedade, como Max e Mia, e aqueles que usarão da violência para conseguir aquilo que desejam, como é o caso de Agnes. Ao saber dessas informação os humanos começam a tomar atitudes para encontrar os responsáveis, e Niska vai ao encontro de Mia e Max, na tentativa de achar pistas que a levem ao paradeiro do sintético responsável pela bomba que matou synths e humanos, e deixou Astrid ferida.
Mesmo com a morte de Flash, Max continua sendo um líder sábio disposto ao diálogo, e que tenta manter o grupo de synths unidos. Porém, com a invasão de policiais ao local em que eles vivem, o personagem de Ivanno não consegue conter Agnes, que decide enfrenta-los. O episódio finaliza, nos deixando sem saber o que resultou do confronto. Será que ela sobreviveu, ou será que desceu a porrada nos policiais?