Mesmo quatro anos após o seu lançamento, “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” colhe os frutos de uma escrita impecável misturada a personagens extremamente interessantes, sendo sempre citado em conversas não só sobre literatura LGBTQIA+ como em qualquer gênero ou tema.
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Muito desse sucesso deve-se à forma honesta, crua e sincera que Taylor Jenkins Reid nos apresenta a sua protagonista, a famosa atriz da era de ouro do cinema americano, Evelyn Hugo.
O livro conta a história a partir de uma Evelyn já idosa que, ao não ter mais nada e nem ninguém a perder, decide revelar a verdade por trás dos detalhes de sua vida, carreira e todos os seus SETE casamentos. Começando por como a obstinada garota latina de Hell’s Kitchen usou o seu primeiro casamento para fugir de NY e do seu pai abusivo rumo a Hollywood. Realizou o sonho de se tornar uma grande atriz, encantou produtores e galãs com sua beleza estonteante, enfrentou o medo do ostracismo, as polêmicas e se apaixonou perdidamente por sua então amiga e companheira de telas, Celia St. James.
“Porque eles são apenas maridos. Eu sou Evelyn Hugo.
E, de qualquer maneira, acho que quando as pessoas souberem da verdade,
ficarão muito mais interessadas em minha esposa.”
A partir daí pudemos acompanhar a jornada de Evelyn em tentar conciliar a ideia de viver esse grande amor com a impossibilidade de se assumir para não arriscar a sua carreira e tudo aquilo que ela havia conquistado até ali. Celia e Evelyn não compartilham apenas do talento em frente às câmeras, mas também de personalidades fortes e marcantes que fazem desse casal um dos mais realistas e interessantes de se acompanhar. Obviamente os riscos da mídia descobrir o relacionamento, e os diferentes backgrounds e objetivos de vida, fazem com que o conturbado romance passe por altos e baixos, despedidas e reencontros, com muitos casamentos entre eles, como o nome do próprio livro já adianta, até a reunião final em que elas conseguem, pelo tempo que resta a elas, aproveitar e viver aquele amor sem as pressões sociais das décadas passadas.
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O mais interessante da narrativa, pelo menos para mim, é que você consegue de fato entender todos os pontos, os erros e acertos de cada uma dessas mulheres incríveis, você quer que elas vivam aquele amor, mas entende, pelo contexto, que seria impossível seguir suas carreiras se isso acontecesse, você entende as crises de ciúmes, as diferentes prioridades e principalmente a dificuldade de, em plenos anos 50, se rotular alguém como Evelyn, que sim, como tudo em sua vida, amou intensamente, seja homem ou mulher.