Estrelado por Nick Offerman e Kiersey Clemons, “Hearts Beat Loud” é uma comédia dramática/rom-com indie que possui como foco a vida de Frank (Offerman), de sua filha Sam (Clemons) e como a música permeia a relação e a vida de ambos. O filme se passa no último verão antes da jovem começar a faculdade e, desta maneira, sair de casa.
Frank é um viúvo, meio rabugento, dono de uma loja de discos de vinil, a qual não anda bem financeiramente. Enquanto Sam é uma adolescente prestes a entrar na faculdade de medicina com uma visão de mundo bem mais pé no chão do que o pai. Nas pausas dos estudos forçadas por ele, ela compõe e canta com o mesmo. Em uma dessas “Jam sesh time”, a canção de mesmo título do filme, “Hearts Beat Loud”, é feita.
O personagem de Offerman, que possuía uma banda com sua falecida esposa, vê a oportunidade de voltar para esse mundo diante do resultado da gravação da música, vontade que cresce ainda mais após a canção fazer sucesso no Spotify. Por que a indicação deste filme aqui? Sam é uma menina queer. No longa-metragem não é dito qual a sexualidade da personagem, se é lésbica, bi ou pan. Ela conhece Rose (Sasha Lane) logo no começo da trama e se apaixona rapidamente pela menina. O relacionamento das duas é algo muito bom de se assistir, o clima de duas adolescentes se conhecendo e se amando, sem contar que o desenvolvimento foi feito de uma forma delicada e natural.
Não há conflitos com o pai a respeito de sua sexualidade. As divergências entre os dois são sobre sua saída de casa para a faculdade e a vontade dele em tornar a banda dos dois algo real. Quando se tem casais LGBTQ+ retratados em produções, sempre há um receio de como será feito. De alguma tragédia acontecer, de ser uma falsa representatividade. O que, felizmente, não é o que acontece em “Hearts Beat Loud”. Elas são simplesmente duas adolescentes que se apaixonam durante as férias de verão.
A importância do filme não se resume apenas a representatividade de um casal de duas meninas queers fazendo coisas normais e naturais que qualquer outro casal da idade delas faria, afinal, Sam e Rose são duas mulheres negras. Se já não existem uma quantidade boa de casais LGBTQ+ com relacionamentos saudáveis no cinema, séries de TV ou livros, o número de casais lésbicos que não sejam brancas diminui ainda mais.
A produção é leve e fofa. Às vezes, uma obra sobre relação familiar, fazer novas escolhas na vida e seguir em frente é tudo que o coração precisa, ainda mais com um elenco ótimo e uma trilha sonora melhor ainda!