A pandemia de Covid-19 está sendo o grande acontecimento do ano de 2020 no mundo inteiro. Um vírus novo, para o qual ainda não temos uma vacina para se prevenir, e que afeta o sistema respiratório das pessoas, principalmente dos idosos e pessoas com doenças crônicas. Além disso, por ser uma doença com alta taxa de infecção e que se espalha pelo ar, está tornando necessário a realização de distanciamento ou isolamento social, para diminuir a quantidade de contágio e de óbitos pela doença.
Além do impacto físico que esta pandemia está trazendo, existem muitos impactos importantes para a saúde mental da população geral. O distanciamento social é um processo muito diferente e que ocorreu poucas vezes na história recente e modificou o cotidiano de todos. Deve-se evitar sair de casa sem uma motivação importante, deve-se evitar trabalhar fora de casa, ver amigos e familiares. Empregos foram perdidos, aulas modificadas, e ficar em casa tornou-se uma obrigação.
Se para a população de forma geral muitos problemas surgiram, para pessoas em situações de vulnerabilidade ou de maior risco isto foi ainda mais acentuado, e infelizmente, a população LGBTQIA+ se encaixa neste contexto, por conta, novamente, dos preconceitos e exclusões sofridos.
Uma pesquisa feita pelo coletivo #VoteLGBT, de forma online, entre abril e maio de 2020 mostrou que, na questão empregatícia, a taxa de desemprego para a população LGBTQIA+ subiu desde o mesmo período do ano passado, de 15,6% para 21,6%. Isto pode ser explicado pela grande taxa de demissões de forma geral por conta do distanciamento social necessário pela pandemia. No entanto, a taxa de desempregos da população geral, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrou que este valor era de 12,2%.
A mesma pesquisa trouxe os dados também de que os problemas de saúde mental são a maior preocupação da comunidade segundo os que responderam o questionário.
Esses dados só demonstram o que a população LGBTQIA+ já sabe e sofre na pele: conseguir um emprego sendo abertamente LGBTQIA+ não é fácil, ficar em isolamento junto com a família que não te aceita é pior ainda, e acabar ficando longe fisicamente daquelas pessoas que realmente te apoiam só gera ainda mais sofrimento.
Estas questões podem afetar de maneira negativa os membros da comunidade, causando problemas como ansiedade, depressão e pânico, podendo levar a um agravamento de outras questões psíquicas, e causando um maior sofrimento de forma geral.
Para lidar com estas questões, várias estratégias podem ser usadas, e conversando com a comunidade LesB Out!chegamos em algumas que vamos listar a seguir:
Atendimento Psicológico:
A primeira e mais específica é a busca por atendimento psicológico. Ter um acompanhamento profissional é muito importante e pode te dar indicações mais claras do que fazer. No entanto, nem sempre é possível ter esse acompanhamento profissional, ou mesmo com eles outras estratégias são necessárias.
Contato com pessoas que te apoiam:
Por mais que não esteja sendo possível estar em contato físico com parte das pessoas que gostamos, com o advento da tecnologia é possível conversar mesmo a distância. Manter o contato constante, por ligações, chamadas de vídeo, ou mesmo mensagem pode ser muito benéfico para se ter apoio.
Séries, filmes, livros, videogame:
Neste momento difícil, às vezes, é necessário apenas fugir um pouco da realidade. Tirar um tempo para ler, ou ver alguma série e filme, jogar algum jogo no videogame ou até celular pode ajudar muito. Distrair-se pode ajudar a manter a calma e não focar nas situações que possam estar ocorrendo.
Exercícios físicos:
Indicado inclusive por vários médicos para manter a forma física saudável, o exercício físico pode ajudar a saúde mental pela liberação de hormônios que levam ao relaxamento. Além disso pode ser mais uma distração.
Mesmo com tais estratégias, é necessário lembrar que nem tudo está sob nosso controle, ainda mais as outras pessoas. Existem situações que não são possíveis de lidar de forma individual. Para isso existem canais de ajuda. Em caso da ocorrência de algum tipo de violência ou de ameaça, entre em contato com os números de apoio, sendo o 190 para uma situação que precisa de apoio rápido, e o 100 para denúncias que não necessitem de uma ação naquele momento em específico. As ligações podem ser feitas de forma anônima. Além disso já é possível denunciar por aplicativos: em específico, para o casos ligados a lgbtfobia, o aplicativo todxs pode auxiliar com informações judiciais e mapas da violência.
Algo que é necessário de lembrar neste momento é que tudo isso vai passar e tempos melhores virão. Por mais difícil que tudo pareça, não estamos sozinhos, e podemos usar desta grande comunidade para recebermos auxílio e apoio dos mais diversos locais.
Por mais que essas informações não sejam novas, tanto pela divulgação cada vez maior por grupos LGBTQIA+, quanto pela própria vivência onde se passa por essas questões, a temática é muito importante e deve continuar a ser falada, não podendo mais ser visto como tabu conversar sobre Saúde Mental. Só conseguiremos lidar com essas questões da melhor forma nos apoiando.
Patrícia Aparecida Pereira
5 de julho de 2020 at 15:56
Belo texto, Carol! Parabéns!