O livro “Os Dois Mundos de Astrid Jones” da autora A. S. King trazem para nós a Astrid, uma personagem única que tem por diversão, distração e acolhimento observar os aviões que passam pelo céu da pequena cidade onde mora e conversar imaginariamente com os passageiros que lá se encontram.
Astrid tem 17 anos e está no ensino médio tentando viver uma vida como todos os adolescentes da cidade pequena e conservadora se não fosse pelo simples detalhe de que ela sente muito mais do que pode falar. Em seu trabalho ela conhece Dee e por um bom tempo mantém com ela uma relação escondida da família, dos amigos e as vezes até dela mesma por não entender muito bem o que sente, e isso é um reflexo direto da vida social que a cerca naquele momento.
Ela foi criada em um meio onde ser homossexual é visto como errado e um grande motivo para sofrer bullying na escola, coisa que ela já viu acontecer e que não desejava para ela, mas ainda assim sentia que o amor não poderia ser algo tão errado assim independente de por quem fosse, era só amor e isso não deveria ser escondido, mas tais questionamentos eram somente internos e ficaram assim por muito tempo. Ela não queria se rotular, Astrid queria apenas poder viver de forma real o que ela sentia por Dee e o que Dee sentia por ela sem se importar com o “rótulo” que isso recebia.
E assim ela viveu o romance, sempre contando aos aviões o que ela sentia. Uma hora os amigos descobriram, não a julgaram tanto quanto ela imaginava, mas o maior dos seus problemas foi quando ela foi literalmente exposta aos pais e para a cidade algo realmente difícil para ela. Astrid não estava pronta pra se assumir ainda e a forma como tudo acontecei foi ainda pior para ela.
Ela foi arrancada da zona de conforto que tinha criado para viver o que ela sonhava sem estar minimamente preparada para encarar o mundo cruel que viria pela frente. Tomar a decisão de se assumir ao mundo sempre deve ser pessoal e ninguém poderia/pode interferir nisso de nenhuma forma, mas como Astrid não teve seu momento respeitado, ela começa a lutar contra os ataques que começou a receber dentro e fora de casa e quando finalmente se sentiu preparada para dizer com suas próprias palavras quem ela era de verdade foi um momento muito importante e fez com que, além de tudo, ela conseguisse ganhar a confiança que há tempos estava perdida.
Astrid lutou internamente para entender o que estava acontecendo com ela e depois foi obrigada a lutar com todas as pessoas a sua volta para poder se quem ela realmente era. E é importante dizer que, de certa forma, os momento desafiadores que ela teve que enfrentar durante a sua jornada nos dá uma esperança de um final feliz, mesmo que o caminho tenha sido extremamente conturbado.