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Resenha | Descobertas: a culpa é sempre das outras – narrativa lenta e monótona

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Ficha Técnica
Livro: Descobertas: a culpa é sempre das outras
Autora: Nyna Simões
Editora: Hoo Editora
Número de Páginas: 160
Ano de Lançamento: 2016


Ultimamente tenho procurado histórias sáficas que fujam do clichê adolescente, de descoberta da sexualidade e todas as questões decorrentes desse acontecimento. Foi quando me deparei com “Descobertas: a culpa é sempre das outras”, da autora Nyna Simões, que se propõe a contar a história de Ana e Júlia, que se encontram em um momento complicado em seu relacionamento de oito anos, e na tentativa de resgatar a relação, decidem viajar durante o carnaval e vão acampar. Acontece que ao chegar no local do acampamento, elas se deparam com um casal heterossexual que vive um relacionamento aberto, e a convivência com eles é o bastante para tumultuar ainda mais as coisas.

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A premissa parece ótima, abordar os problemas que surgem em um relacionamento de tantos anos, e a tentativa dessas duas mulheres de se reconectarem, reacenderem a chama. E nas primeiras páginas, é possível perceber que a relação não anda nada bem, para dizer o mínimo, Ana reclama de absolutamente tudo, e já chegou naquele nível em que se irrita com as pequenas atitudes de Júlia, mas ao mesmo tempo, aparenta querer tentar se reaproximar da namorada.

Infelizmente, acredito que “Descobertas: a culpa é sempre das outras” não consegue cumprir o que propõe, inclusive, raras são as vezes em que as personagens conversam sobre sua relação, discutem os problemas de modo sério e tentam achar uma saída para o que está acontecendo entre elas.

É muito difícil vê-las juntas, a história é narrada em primeira pessoa por Ana, o que nos faz passar a maior parte do tempo lendo os pensamentos dela sobre coisas aleatórias, quando ela não está pontuando o que lhe irrita em sua namorada. E a partir da visão de Ana sobre o relacionamento, parece que o namoro acabou há muito tempo, elas só não perceberam.

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A narrativa não só deixa “Descobertas: a culpa é sempre das outras” extremamente lento e monótono, como torna impossível sentir empatia por qualquer um dos personagens, porque Ana é simplesmente insuportável, sempre tomando atitudes contraditórias, reclamando de tudo o tempo todo e nunca chegando a lugar algum sobre nada que discute em seus pensamentos. Já por Júlia, o máximo que é possível sentir é pena por ter passado tantos anos ao lado de Ana, pois a primeira não é desenvolvida, descobrimos muito pouco dos seus gostos.

Este é um grande problema na história, a maioria dos personagens surgem jogados, com a intenção de causar algo em Ana, a exemplo de Gustavo, que é o cara do casal heterossexual, e são essas informações que temos sobre ele. Ou Raquel, a outra parte do casal heterossexual, e por mais que ela tenha mais participação na história que Gustavo, aparentemente seu único traço de personalidade é ser sexy, e estar sempre tentando seduzir.

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“Descobertas: a culpa é sempre das outras” tenta trazer as problemáticas resultantes de um relacionamento longo, levantando discussões como confiança e traição, mas a narrativa torna impossível se envolver com as personagens de modo a lhe fazer questionar se realmente se trata de uma história sobre duas mulheres adultas, ou sobre duas adolescentes que não sabem lidar com seus sentimentos ou relações.

Bombando

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