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Review | Away – Primeira temporada

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“Away” é uma produção original da Netflix de ficção científica e drama. Escrita por Andrew Hinderaker (“Penny Dreadful”), a primeira temporada, que possui dez episódios, foi inspirada no artigo de Chris Jones, em que se concentra na missão do astronauta Scott Kelly a Bordo da Estação Espacial Internacional e durante esse tempo longe sua família passa por diversas dificuldades. Aqui vamos acompanhar a vida da astronauta americana Emma Green (Hilary Swank) e seus parceiros da nave intitulada “Atlas”.

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Imagine que você sempre teve um sonho e está mais perto que nunca de se realizar. Você sempre quis voar. Quando era ainda uma adolescente, escondido dos seus pais, você pilotou um avião. Vira adulta e se torna astronauta. Está perto de finalmente botar seus pés em outro planeta e aí, BUM: você engravida. Você é mulher. Não é fácil se decidir entre abortar e continuar sua carreia ou ter a criança. Porque é difícil para as mulheres ter os dois. Você decide por ter o bebê. Seus planos se atrasam. Você se casa, tem uma linda menina. Ela vira pré-adolescente. Você está prestes a ser a primeira astronauta e mulher a pisar em Marte. Vai passar três longos anos longe da sua família. Quando você está se preparando para voar, seu marido que iria cuidar da sua filha, sofre um derrame. Então, o que você escolhe: voltar para sua família ou voar atrás dos seus sonhos? Essa é a premissa básica de “Away” e um resumo corrido da vida da protagonista Emma.

Acontece que o marido da protagonista, Matt (Josh Charles) e sua filha, Alexis (Talitha Eliana Bateman), incentivam a comandante Emma a continuar na missão. Juntamente a ela, na nave, estão os seguintes companheiros de bordo: o russo e engenheiro Misha (Mark Ivanir), o indiano e copiloto Ram (Ray Panthaki), o ganês e botânico Kwesi (Ato Essandoh) e a chinesa e química Wang Lu (Vivian Wu).

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Depois das emoções iniciais relacionadas a vida pessoal da protagonista e sua decisão de continuar na missão, a tripulação tem que aprender a lidar com suas diferenças e lutas pessoais para sobreviver e enfrentar desafios que a viagem ao Planeta Vermelho está proporcionando, tais como, explosões, riscos a desidratação por mal funcionamento da recuperação de água na nave e efeitos naturais do corpo humano ao espaço.

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“Away” apresenta uma trama espacial mesclada com vários dramas pessoais e mesmo que a comandante seja o foco principal da história, os personagens coadjuvantes foram muito bem construídos. Com o uso de flashbacks, a produção apresenta o passado de cada personagem da nave e o que os levaram a escolher aquele destino. E pessoa de destaque escolhida é a Dra. Wang Lu.

Contém spoiler

A triste realidade das mulheres chinesas

“As mulheres sustentam metade do céu.”

A química Lu é a representante da China e compõe a equipe na missão de chegar em Marte. Em um acordo internacional, ela deve representar seu país sem cometer erros e ser a primeira a pisar no planeta. De início, ela apresenta um aspecto frio e obstinado que muitas vezes são características estereotipadas da cultura ocidental, entretanto, sua história vai muito além de uma mulher determinada.

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Conforme a produção avança e quanto mais a tripulação se aproxima do seu destino, Lu descobre que outra colega chinesa, Mei Chen (Nadia Hatta), é afastada do seu trabalho na Terra devido a um rumor que está acontecendo na sala de controle da NASA. Elas se conheceram quando a personagem de Vivian Wu se inscreveu para a missão de chegar em Marte, e Mei a ajuda a dominar o inglês por meio de canções no Karaokê. Em troca das aulas da língua, Lu começa a ensinar a tradicional caligrafia chinesa. À medida que o tempo segue, as duas começam a se envolver emocionalmente e deixam seus sentimentos florescerem. Entretanto, Wang Lu é casada com um homem, tem um filho e possui respeito pelo seu casamento. Sendo assim, o máximo que as duas se deixam fazer é passar uma noite juntas (nada carnal) antes da química partir para Marte.

Por ser representante da China, ter um envolvimento com uma mulher implica diretamente com o seu futuro profissional se as pessoas de seu país souberem. Além disso, é demonstrada na série que a determinação de Wang vai muito além do que apenas orgulho nacional, pois quando ainda não era nem nascida, seu pai ansiava por um filho homem e acreditava que ter uma filha mulher é um símbolo de azar, comprovando a triste realidade do que é ser mulher na China.

Ser mulher e LGBT na China

Wang Lu: “Eu não existo. Só existo se a Pátria existir.”

De acordo com a Super Interessante, a China está entre os dez países mais perigosos para ser LGBTQIA+. Mesmo que a homossexualidade tenha deixado de ser crime e considerada doença mental em 1997, a cultura conservadora e familiar enxerga pessoas LGBTQIA+ como uma vergonha e desonra, sendo assim, muitos são colocados em casamentos arranjados e escondem sua verdadeira sexualidade em prol do bem comum. Além disso, em 2018, a homossexualidade foi censurada no país, taxado como “inadequado” e estava banido na internet qualquer conteúdo voltado para o público queer.

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Se ser LGBTQIA+ é considerado inapropriado na China, ser mulher LGBTQIA+ no país é ainda mais difícil. A desigualdade de gêneros na cultura chinesa ainda é uma realidade muito presente, a mulher é vista como um aparelho reprodutor, sem voz, e responsáveis por cuidar da família do marido. Desta forma, a atuação e representação de Vivian Wu está espetacular e sem dúvidas, merece atenção.


“Away” pode ser uma história sobre esperança, sacrifícios e humanidade, mas, acima de tudo, ela é sobre família e o que as pessoas conseguem realizar quando deixam suas diferenças de lado. O ponto alto da produção são as personagens femininas (Wang Lu e Emma Green) que representam perfeitamente o que é ser mulher em uma sociedade majoritariamente machista e patriarcal.

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