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Crítica | Eu Me Importo – trama intrigante com roteiro que poderia ser melhor

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Com muito sarcasmo, suspense, drama e figuras caricatos, “Eu Me Importo” (“I Care a Lot”) faz o público questionar sua moralidade ao simpatizar com a personagem de Rosamund Pike, Marla Grayson, que, assim como em “Garota Exemplar”, atrai o espectador com seu carisma e ganância.

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Marla é uma guardiã legal que usa de seu título para internar idosos ricos, sem nenhuma comorbidade, em uma clínica de cuidados especiais. Com uma equipe ciente de seus planos, Grayson e sua namorada, Fran (Eiza González), enganam as famílias das vítimas e roubam todos seus bens durante a “estadia”.  Enquanto buscavam mais um alvo, chegam a Jennifer Peterson (Dianne Weist), uma senhora que não está disposta a cair nas mentiras de Marla e guarda segredos perigosos.  A partir disso, a protagonista começa uma corrida para sobreviver e não perder toda sua fortuna. 

A forma com que o diretor, J Blakeson (O Desaparecimento de Alice Creed”), brinca com o conceito de “herói e vilão” torna a trama ainda mais interessante. Nenhum personagem é inocente, mas todos acabam sendo vítimas em algum momento. Além disso, o filme explora muito uma batalha de gêneros: em determinado ponto, o principal rival de Marla é Roman Lunyov (Peter Dinklage), um mafioso, filho de Jennifer focado em destruir Grayson, que começa uma luta para se provar tão calculista e cruel quanto um homem.

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Apesar de não ser o foco principal, outro ponto positivo de “Eu Me Importo” é o romance entre Marla e Fran.  Em nenhum momento o fato delas serem um casal é discutido, mas o amor e o carinho entre as duas é visível, inclusive, pode-se dizer que é a única parte não problemática e estável da vida delas. Essas abordagens são essenciais porque subvertem a ideia, muito representada no cinema e na TV, de que ser LGBTQ+ é sempre um problema, que sempre causará angústia na vida da pessoa, e ajuda o público geral a enxergar a relação como qualquer outra, como algo natural. É claro que precisamos dar voz também às histórias de luta, mas sem esquecer que é possível sim ter um relacionamento sáfico saudável paralelo aos outros problemas da vida.

O elenco com grandes nomes e boa direção de cena contribui para o longa de pouco mais de duas horas não se tornar cansativo, entretanto, o roteiro peca um pouco nisso. Ao mesmo tempo que foca em situações não tão importantes, muitos pontos principais da história não são tão bem explorados, causando um desconforto nos espectadores que percebem esse erro.

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“Eu Me Importo” está disponível na Netflix e é um dos principais filmes da temporada de premiações de 2021.

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