Protagonizada por Anna Silk, “Lost Girl” acompanha a sedutora Bo: uma jovem adulta que, subitamente, descobre ser um súcubo, um ser sobrenatural que se alimenta da energia sexual dos seres humanos e Faes. Ao longo da produção, ela embarca numa jornada para descobrir suas origens, enquanto ajudava outros faes e seres humanos a solucionar casos paranormais.
Quando a série estreou em 2010, havia poucos personagens LGBTQIA+, e o número era ainda menor quando pensávamos em protagonistas. Bo Dennis foi uma das primeiras protagonistas abertamente LGBTQIA+ da TV, e por conta disso, ela teve grande impacto na comunidade LGBTQIA+, principalmente em jovens mulheres lésbicas e bissexuais como eu.
A personagem de Anna Silk ajudou a normalizar o amor entre mulheres, e apesar de nunca ter usado a palavra “bissexual”, ela demonstrou para os telespectadores que era possível representar mulheres bissexuais sem hipersexualização. O fato é que, apesar da personagem ser sexual, ela teve relacionamentos afetivos profundos, e assistir isso era poderoso. O surgimento dela foi preparando o caminho para a chegada de outras heroínas bissexuais como Clarke Griffin (Eliza Taylor), Waverly Earp (Dominique Provost-Chalkley) etc.
Bom, mas as séries não vivem apenas de protagonistas, existem também outros personagens. E no caso de “Lost Girl”, uma em particular era, provavelmente, a favorita de todo mundo: Mackenzie Malikov, ou Kenzi (Ksenia Solo), para os íntimos, era hilária e super protetora, e apesar de ter tomado algumas decisões precipitadas, ela só queria o melhor para sua amiga como uma verdadeira sidekick. A amizade das duas era o coração da produção, elas renderam cenas que nos fizeram rir, mas também chorar, como a cena em que ela se sacrifica para fechar o portal para Hel.
Apesar da relação de Kenzi e Bo ser um dos pilares da série, haviam outros personagens que abalavam as estruturas da súcubo: Dyson (Kristen Holden-Ried) e Lauren (Zoie Palmer). Durante boa parte da história, os dois disputaram o coração da heroína, mas tadinho do lobinho, pois ele já tinha quase nenhuma chance, e as coisas ainda pioram para o seu lado quando Tamsin (Rachel Skarsten) apareceu. Eu sou contra a rivalidade feminina, mas neste caso eram duas mulheres disputando o coração da protagonista, e como isso quase nunca acontece, eu estava amando tudo aquilo. No fim, depois de muitas idas e vindas, Bo e Lauren terminam juntas, deixando uma legião de fãs de #Doccubus felizes!
A produção rendeu ótimas cenas como a troca de corpos no episódio “Original Skin”, em que Kenzi passou algumas horas no corpo de Dyson e também quando Bo começou a agir feito criança deixando a Lauren surtada no “Confaegion”. Ou, os momentos em que Kenzi age como mãe de Tamsin, a ensinando tudo o que a valquíria precisava saber para sobreviver no mundo humano e fae.
Apesar da série ter sido progressista em alguns aspectos, principalmente no que diz respeito as orientações sexuais de seus personagens, eles cometeram erros que deixaram muitos fãs desapontados. Alguns apontaram o quão transfóbico era o episódio “Caged Fae”, em que um homem se passava por mulher e abusava de outras mulheres no intuito de engravidá-las, e isso é extremamente problemático, porque mulheres trans estão há anos tentando provar que não são uma farsa e muito menos uma ameaça para outras mulheres.
São histórias como esta que perpetuam essa visão distorcida da comunidade Trans. Além disso, já na última temporada, a personagem de Tamsin passou por uma situação semelhante. Ela foi abusada pelo pai de Bo, teve a criança e morreu no parto. Esse desfecho foi totalmente inútil e não acrescentou em nada na história, e pior, só deixou os fãs enfurecidos pela morte de umas das melhores personagens da produção.
Existem opiniões discordantes sobre “Lost Girl”, mas precisamos admitir que a produção ajudou a pavimentar o caminho para que mais personagens lésbicas e bissexuais surgissem, não é mesmo? Afinal, não é todo o dia que vemos uma protagonista bissexual vivendo feliz para sempre com sua namoradinha lésbica.