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Soljiwan (Sol e Ji-wan) – um dos melhores exemplos de Friends to Lovers

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Como ser a melhor coisa de uma série com apenas cinco minutos de tela por episódio? Não parece algo possível, mas é exatamente isto que aconteceu em “Apesar de Tudo, Amor” (“Nevertheless”), novo k-drama que estreou esse mês aqui no Brasil pela Netflix. Apesar de não serem protagonistas, com o tempo limitado e restrições impostas de um país que ainda é muito conservador, Soljiwan (casal composto por Sol e Ji-wan) conseguiu conquistar o coração de milhares de pessoas ao redor do mundo e ser (de longe) o melhor e mais bem resolvido casal da produção.

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Friends to Lovers sempre rende boas histórias. O drama acompanha Yoo Na-bi (Han So-hee), uma universitária que recentemente teve um término ruim e se vê envolvida com um amigo de faculdade que não tem interesse em se comprometer com ninguém. Mas o que importa mesmo é o que está por trás desse casal. Entre os personagens secundários, somos apresentadas a Yoon Sol (Lee Ho-jung) e Seo Ji-wan (Yoon Seo-ah), duas amigas inseparáveis desde o tempo do colégio.

Sol e Ji-wan não poderiam ser mais diferentes. Tratada como uma artista acima da média, Sol é mais introspectiva, sempre com o seu fone de ouvido e focada no trabalho. Ela só consegue se soltar mais ao lado de Ji-wan, que é um verdadeiro raio de sol, sempre alegre e falante, gritando o nome de Sol e correndo para os braços da amiga. Mesmo com o pouco tempo de tela para desenvolvê-las, elas conseguem demonstrar a força da relação entre as duas através de sutilezas, e pequenos diálogos que mostram a importância que uma tem na vida da outra. A sutileza é uma palavra-chave para descrever o casal. São pequenos olhares, toques, tudo é muito criado a partir das reações das personagens.

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Sol é a primeira a dar sinais de que tem um sentimento além da amizade por Ji-wan, mas que não parece correspondido, até porque uma das primeiras cenas de Ji-wan é falando sobre encontros com homens. Assim, temos uma Sol que não quer perder a amizade e que prefere guardar para si o sentimento e manter a amiga por perto. Mas aos poucos vamos conhecendo mais as personagens e o sentimento das duas é mais explorado. Até o momento que Ji-wan começa a demonstrar os primeiros sinais.

Duas cenas são essenciais para a amizade se transformar em um romance: a declaração de Ji-wan; e consequentemente a de Sol. Apesar da confissão de Ji-wan não ser explícita, ela é fundamental para que Sol criasse coragem para assumir que ama a amiga. Sem cobranças, sem esperar nada em troca, mas ela precisava colocar esse sentimento para fora. A partir desse momento vemos uma fragilidade até então não mostrada por Ji-wan. Enquanto uma tem certeza há anos sobre o que sente, para a outra tudo ainda é muito novo. É como se nunca tivesse passado pela cabeça a possibilidade. Não por não sentir o mesmo, mas pela heterossexualidade compulsória que muitas vezes somos submetidas. Mas, para além disso, o maior medo de Ji-wan é o que poderia acontecer se um dia o relacionamento acabasse e ela tivesse que viver sem Sol em sua vida.

Soljiwan é um verdadeiro slow burn, com um desenvolvimento lento que só é resolvido nos momentos finais, feito com detalhes, gestos, pequenos toques, olhares. Não, não temos beijo. Não entre em “Apesar de Tudo, Amor” esperando o que acompanhamos em séries americanas. Se o ocidente ainda luta para conseguir mais representatividade nas produções, na Ásia isso é ainda mais escasso. Claro que existem diversas produções que abordam temáticas LGBTQIA+, mas muitas vezes com pouca visibilidade e/ou independentes. Os populares dramas coreanos, que vem dominando serviços de streaming como a Netflix nos últimos anos, ainda tem uma grande barreira com temáticas envolvendo sexo e sexualidade, e isso não é apenas para casais homoafetivos. Mas pequenas portas já começam a se abrir.

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Mas se elas não tiveram espaço para um contato íntimo mais explícito, todas as fichas foram investidas na escrita da história das duas. E isso com pouquíssimo tempo de tela. Sol e Ji-wan são coadjuvantes. Coadjuvantes que precisam se resolver em dez minutos por episódio. Às vezes, até menos. Mas mesmo assim elas conseguem. E mesmo sem serem o foco do k-drama, elas facilmente ganham destaque, principalmente com os graves problemas que a trama de alguns outros personagens tem, incluindo o casal principal.

A entrega das atrizes também deve ser louvada para o sucesso. Impossível não se apaixonar pelas duas juntas. Os breves momentos de troca de carinho, um sorriso apaixonado, tudo é muito bem encaixado para apresentar essa história de amor que dificilmente tem espaço em um país que ainda é muito conservador. E por isso, era difícil de acreditar que o casal realmente fosse acontecer, que existiriam declarações, mas elas existem. E agora precisamos urgentemente de um spin-off de Soljiwan, por favor!

Jornalista nascida no Rio de Janeiro e atualmente morando em Fortaleza. Cresceu assistindo filmes da Sessão da Tarde, Dragon Ball e Xena: A Princesa Guerreira. Constantemente falando coisas aleatórias sobre cinema, televisão e música.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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