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Resenha | Rádio Silêncio – uma história intensa e dolorosa

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Ficha Técnica
Livro: Rádio Silêncio
Autora: Alice Oseman
Editora: Rocco
Número de Páginas: 447
Ano de Lançamento: 2019


“Olá. 

Espero que alguém esteja ouvindo. 

Estou enviando esse sinal via rádio […] num pedido sombrio e desesperado de socorro”

Em Rádio Silêncio”, segundo livro da escritora britânica Alice Oseman a ser publicado no Brasil, o leitor se depara com a melancólica história de amizade entre Frances Janvier e Aled Last, duas almas solitárias que encontram uma na outra a resistência necessária para suportar o peso da vida.

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Nas palavras da própria Frances, ela é inteligente. Seu objetivo? Estudar em Cambridge, conseguir um bom emprego, ganhar muito dinheiro e ser feliz, exatamente nessa ordem. Para isso, no ensino médio, tornou-se uma máquina de estudo, inclusive, representante de turma, um adicional importantíssimo ao seu currículo estudantil. Mas nem só de estudos se sustenta um coração triste. Apaixonada por um podcast chamado Universe City, Frances guarda em segredo sua fonte de sustentação para os dias soturnos (e os nem tão soturnos assim), a história de Rádio, um aluno detetive, que tenta escapar de uma universidade cheia de monstros.

“— Já tenho os principais pontos resolvidos. Sou inteligente, vou fazer faculdade, blá-blá-blá, notas, sucesso, felicidade. Estou bem. Às vezes, eu tinha a impressão de que só falava daquilo. Afinal, ser inteligente era minha principal fonte de autoestima. Sou uma pessoa muito triste, em todos os sentidos da palavra, mas pelo menos faria faculdade.” 

Mas tudo muda quando a voz misteriosa por trás de Rádio a convida, através do Twitter, a desenhar artes para o podcast. Sem conhecer o autor (mas não por muito tempo), Frances aceita o convite e passa a trabalhar no podcast. Era de se esperar que a relação de proximidade com o autor/narrador de Universe City, levasse Frances a descobrir sua identidade, mas é num momento de bebedeira, com os amigos superficiais e o tímido vizinho, que ela descobre sem querer que Aled Last, que mora na casa em frente, é o criador da série.

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A partir daí, os protagonistas de Rádio Silêncio”, esses dois jovens solitários e esquisitos, encontram um no outro a possibilidade de serem eles mesmos e passam a iluminar as vidas um do outro. Mas em meio a relacionamentos familiares abusivos e à possibilidade da aproximação com Frances tornar pública a identidade de Aled como criador de Universe City, ela também esconde que pode ter sido a razão para que a irmã de seu melhor amigo (e sua antiga paixão) tenha ido embora da cidade para sempre. 

Aled Last já é conhecido entre os leitores da escritora britânica, por ser um dos personagens recorrentes da série de graphic novels Heartstopper”. Alice Oseman é também autora de Um Ano Solitário”. Em Rádio Silêncio”, ela nos entrega uma história intensa e dolorosa, que aborda temas profundos como depressão, suicídio, maternidade abusiva, solidão, bissexualidade, assexualidade e, claro, a importância das amizades, no enfrentamento das pedras no meio do caminho (como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade).


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Caririense com orgulho, é graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri, mas "com diploma de sofrer de outra universidade". É amante de séries, livros, música e poesia. E o que lhe dá prazer é estudar literatura nordestina, ouvindo Belchior e tomando um delicioso suco de manga.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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