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Resenha | Laura Dean vive terminando comigo – história em quadrinhos destrincha o relacionamento abusivo

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Ficha Técnica
Livro: Laura Dean vive terminando comigo
Autor:
Mariko Tamaki
Ilustração: Rosemary Valero-O’connell
Editora:
Intrínseca
Número de Páginas:
304 páginas
Ano de Lançamento: 2020


“Laura Dean vive terminando comigo” é uma história de romance, mas sem muita felicidade no meio do caminho. A HQ traz a relação conturbada de Freddy Riley com Laura Dean, mas nada parece muito bem nesse relacionamento. Desde que as duas resolveram estar juntas, Laura Dean vive terminando com Freddy. Elas vivem em um vai e volta em que a única que pode escolher é Laura.

Freddy se vê presa nessa relação, pois tudo que ela sente pela namorada, apesar de ser machucada o tempo todo, é amor. Ela não entende o porquê, os amigos não entendem o porquê, a família dela não entende o porquê. Não que Freddy devesse alguma explicação a alguém sobre o que faz ou deixa de fazer da sua vida, mas o fato é que ninguém compreende o motivo que ela ainda insiste em um “amor morto”.

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Depois de pegar uma traição, todos pensam que é o fim, mas não. Freddy derrete assim que tem contato com Laura e isso parece um imenso ciclo tóxico. Ela está machucada, se sente machucada, mas também sente que se afastar da amada talvez fosse machucá-la mais. Em algum ponto ela cogita a poligamia até entender que ela não quer um relacionamento com várias pessoas, ela só não quer que Laura vá embora.

Laura se aproveita dessa ligação que elas têm. Em vários momentos ela deixa claro que é diferente e que sempre voltarão uma a outra. E em um retrato claro de um relacionamento abusivo, Freddy realmente está sempre esperando a amada voltar para ela.

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A história em quadrinhos traz nos traços e expressões o quanto esse relacionamento afundou a vida de Freddy. As ilustrações em que ela está sozinha no quarto pensando na namorada passam para o leitor um sentimento misto de solidão e agonia. É impossível não se sentir imerso na realidade de sentimentos em que ela está se afundando. As palavras vão ficando mais frias, o contato de Freddy com seus amigos vai ficando mais raso, o mundo dela vai ficando mais denso. É como se durante a leitura fosse possível estar no lugar da protagonista.

A gota d’água acontece quando Freddy percebe que não só se perdeu nesse relacionamento, mas também todas as pessoas que queriam ajudá-la. Com uma leitura leve, porém com ilustrações que passam sentimentos muito mais fortes do que qualquer palavra poderia expressar, a narrativa traz para discussão que qualquer relacionamento pode se tornar abusivo, até mesmo entre mulheres e que a libertação desse ciclo tóxico pode ser transformadora.

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Quando Freddy finalmente consegue terminar a relação, ela se sente livre e melhor do que nunca. As ilustrações, mais uma vez, foram capazes de passar a sensação de liberdade e alívio que a menina sente quando se vê finalmente distante do que a fazia mal. Freddy não estava presa porque queria, ela estava presa porque Laura a fazia acreditar que tudo o que elas tinham era especial demais para ser “jogado fora”. E por conta disso, por um ano, Freddy jogou fora o que ela tinha de mais especial, ela mesma.


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Livro físico

E-book

Monica Teixeira é pedagoga e muito apaixonada pelo universo literário. Amante de séries de médico, viciada em tudo que envolve super-heróis e não perde um episódio de Legends Of Tomorrow. Ela vive na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

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A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando