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Pro Mundo (Out!) | Alison Bechdel: a primeira protagonista lésbica da Broadway

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Em uma história contada através dos paralelos entre pai e filha, conhecemos Fun Home, como as crianças da família chamam a casa onde moram. Fun, que significa diversão em inglês, está bem longe de ser a realidade daquele lar. O termo na verdade é um diminutivo para o trabalho da família, que tem uma casa funerária.

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A família que herdou a casa funerária é composta por Bruce, a figura paterna, por muitas vezes frio, sempre sério, obcecado pela aparência de tudo, e principalmente obcecado pela casa. A mãe Helen, uma artista que vive para o marido e a família, deixando sua vida em segundo plano. As crianças John, Christian e Alison, a filha mais velha, que entra em uma jornada de autodescoberta e aceitação.

Elenco original do musical da Broadway e Alison Bechdel

“Fun Home” é uma HQ autobiográfica criada por Alison Bechdel e acompanha a vida da autora em duas fases: infância e no período da faculdade. A narrativa é guiada pela relação da personagem com a família, principalmente com o pai, entrelaçando as histórias dos dois e as influências que cada um teve na vida do outro e a importância deste relacionamento no crescimento da protagonista, enfatizando as diferenças e proximidades entre os dois.

“Pode-se dizer que o fim do meu pai foi o meu início”

Criados debaixo do mesmo teto, os dois são basicamente o oposto um do outro, apesar das comparações com o pai estarem em toda parte. Alison, desde criança, sempre foi a tomboy, vestida com roupas masculinas, enquanto o pai buscava inspiração na beleza feminina, um apaixonado por decoração, flores e obcecado pelos detalhes de tudo e que vivia de aparências, buscando provar para todos que tinha uma família perfeita.

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Um dos destaques da história da Alison é como ela é contada, em uma narrativa em ordem não cronológica, nos guiando na forma como a personagem vai entendendo a vida, a importância da família, a homossexualidade, a autoaceitação e a morte. Isto entrelaçando uma Alison criança em um lar frio e sem demonstração de afeto, e na vida na universidade, descobrindo novas experiências e conhecendo novas pessoas.

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A descoberta da palavra lésbica veio na faculdade. Em uma vida guiada pela literatura, foi em um livro que a palavra ressaltou e começou a fazer sentido em sua vida, e foi a partir da leitura que ela foi entendendo este lado que até então estava adormecido, mas sempre presente. A trajetória de descoberta sexual e aceitação está mais uma vez ligada ao pai, quando ela descobre que ele mantinha casos escondidos com outros homens.

A relação com a homossexualidade do pai é um dos pilares da narrativa, buscando explorar as realidades diferentes de ambos os personagens e principalmente a influência do fato do pai ter vivido a vida inteira no armário, como se fosse um ímã que mantinha os dois conectados apesar de todos os problemas que eles estavam imersos.

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Outro pilar da trama é a relação da personagem com a morte, algo visto com uma certa indiferença, de forma inadequada, já que Alison foi criada no meio de uma casa funerária. Isto é sentido também com a morte do pai, revelada logo no começo da história e que é trabalhada durante toda a obra. Um estranho acidente que acontece logo depois dela sair do armário para a família. A conexão estava ali constantemente na cabeça de Alison. Mais uma ligação entre a sua vida e a do pai.

Musical

Em 2015 a história chegou aos palcos da Broadway. Por mais que a Broadway tenha um histórico de atrair um público LGBTQIA+ e representar as histórias dessa comunidade, apenas com “Fun Home” tivemos o primeiro musical protagonizado por uma personagem lésbica. Até então, a homossexualidade feminina era apenas retratada em segundo plano, e mesmo assim em poucas peças.

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Vencedor de cinco prêmios Tony, incluindo o de Melhor Musical, a peça traz a essência da HQ, mas com uma pitada a mais de humor, sem diminuir a carga densa da história. Além de Alison criança (Sydney Lucas) e na faculdade (Emily Skeggs), esta versão inclui a personagem adulta (Beth Malone), que volta para a casa onde foi criada com o objetivo de relembrar a história da família e escrever sua biografia. As três atrizes que interpretaram a personagem no elenco original da Broadway foram indicadas ao Tony, além dos atores que fizeram a mãe e o pai (que venceu o prêmio de Melhor Ator em um musical).

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A importância do musical e da figura da Alison é inegável. Mas apesar do sucesso que conquistou e de trazer a discussão sobre o protagonismo lésbico, a evolução ainda é lenta e as histórias de mulheres homossexuais ainda tem pouco espaço nos palcos da Broadway. Mais recentemente tivemos “The Prom”, que infelizmente teve vida curta. Apesar disso, o musical de 2018 que acompanha uma adolescente lésbica impedida de levar a namorada para o baile do colégio, conquistou o espaço e teve os direitos comprados pela Netflix que lançará um filme baseado na peça neste ano.

Jornalista nascida no Rio de Janeiro e atualmente morando em Fortaleza. Cresceu assistindo filmes da Sessão da Tarde, Dragon Ball e Xena: A Princesa Guerreira. Constantemente falando coisas aleatórias sobre cinema, televisão e música.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

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A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando